O trabalho dessas quatro mulheres nas artes visuais e na literatura contribui para a consciência social em questões de raça, gênero, direitos humanos e representatividade na cultura afro-brasileira. Veja também uma iniciativa que promove a arte decolonial, aquela que se distancia do padrão europeu e é um caminho para grupos silenciados, como as populações negras e indígenas.
JULIANA DOS SANTOS (@julianadossantosarts)
Com produções em vídeo, vídeo-performance, pintura e fotografia, a artista visual Juliana dos Santos expõe no Brasil e no exterior. A também arte-educadora nasceu na zona norte da cidade de São Paulo e tem especialização em cultura afro-brasileira. Sua exposição Entre o Azul e o que Não me Deixo/Deixam Esquecer é fruto de pesquisa sobre essa cor e suas qualidades metafísicas e terapêuticas, a partir da flor Clitória Ternátea.
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RENATA FELINTO (@fenix_negra_purpurinada)
Artista, professora e pesquisadora, Renata Felinto atua há vinte anos na área de artes visuais. Vencedora do Prêmio Pipa em 2020, reconhecimento brasileiro de arte contemporânea, Renata tem como foco em vários de seus trabalhos a relação entre identidade e gênero. É o caso da série Afro-Retratos, que reuniu pinturas com referências a adornos femininos de variadas culturas para gerar reflexões sobre a identidade da mulher negra no Brasil. Renata também pesquisa a arte feita por mulheres e homens de ascendência negro-africana.
CIDINHA DA SILVA (@cidinhadasilvaescritora)
A escritora Cidinha da Silva tem 17 livros publicados. São crônicas, contos, ensaios e obras de literatura infantil. Questões relacionadas a raça, gênero e direitos humanos estão entre os temas de seus escritos. Em 2019, a coletânea de contos Um Exu em Nova York recebeu o Prêmio da Biblioteca Nacional. Na edição de 2022 do prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte de São Paulo (APCA), o infantil O Mar de Manu ficou em primeiro lugar. Nele, Cidinha conta a história de um menino que pescava estrelas. A mineira também ministra cursos, oficinas e palestras.
HELENITA SILVESTRE (@helenitaluta)
Escritora, educadora popular e militante, Helena Silvestre começou a participar de movimentos sociais aos 12 anos de idade. É uma das fundadoras do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do Movimento Luta Popular. Editora da revista feminista Amazonas, teve seu livro Notas sobre Fome indicado ao prêmio Jabuti em 2020. A obra parte de suas vivências como ativista afro-indígena.
DESCOLONIZARTE (@descolonizarte) A última dica são os arquivos de revista decolonial e digital sobre artes visuais, a Decolonizarte divulga a produção de artistas racializados e periféricos. O site reúne entrevistas, reportagens, artigos de opinião, análises e indicações. No texto A Ótica Violenta na Leitura de Obras Não Brancas, publicado em setembro de 2021, a autora Nazura problematiza a história da arte centrada na Europa e discute a responsabilidade de quem escreve sobre artistas não brancos.
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Há 100 anos, na noite do dia 13 de fevereiro de 2022, no Teatro Municipal de São Paulo, um grupo de artistas realizava um evento que mudaria o rumo da arte no País e impulsionaria o surgimento do Modernismo brasileiro. O objetivo da Semana de Arte Moderna era confrontar o que considerava conservador e ultrapassado com experimentações e novas linguagens nas propostas dos artistas. Leia no Estadão este especial que contextualiza a Semana de Arte Moderna e sua contradições. A seguir, um trecho do texto escrito pelo jornalista Ubiratan Brasil. "(...) Há 100 anos, o evento que deu o impulso decisivo ao Modernismo brasileiro ainda desperta aclamações e vaias. O festival de artes plásticas, música e literatura protagonizado por jovens talentos como os escritores Mário e Oswald de Andrade, o pintor Di Cavalcanti, o compositor Heitor Villa-Lobos, entre outros, tornou-se um marco histórico graças ao protagonismo que esses artistas conquistaram nas décadas seguintes, posição que lhes permitiu perpetuar a condição de inovadora da Semana de Arte Moderna. Nos últimos anos, no entanto, historiadores vêm apontando contradições inevitáveis em qualquer movimento de ruptura, revelando ambiguidades de conquistas tidas como indestrutíveis. Estilos à época apontados como inauguradores já moldavam, anos antes, o trabalho de criadores que não conseguiram o devido reconhecimento e foram relegados a um segundo plano. Apesar disso, a Semana de Arte Moderna de 1922 se transformou em uma espécie de pedra inaugural da cultura no Brasil." (Leia a íntegra)