Lindos motivos para dar às crianças o tempo que elas precisam para crescer e se desenvolver. Em paz e brincando. Reunimos algumas ideias e reflexões importantes para alargar os horizontes sobre a infância e as brincadeiras. Se no dia a dia o tempo parece sempre faltar ou escapar (e as telas brilhantes tendem a nos isolar), pelas crianças e por nós, os adultos, é preciso respirar e dar a elas espaço para crescer. E ser.
VEJA TAMBÉM
DANA MCCOY, pesquisadora de Harvard
Crianças pequenas estão constantemente aprendendo, mesmo com as interações mais básicas. Apesar de atividades estruturais serem benéficas, é importante que as crianças possam brincar livremente e explorar de forma independente ou com outras crianças da sua idade. É por meio da brincadeira livre que elas desenvolvem criatividade, aprendem como o mundo funciona e começam a estabelecer boas relações com seus pares
TÂNIA FORTUNA, professora de Psicologia da Educação
“A brincadeira funda o humano em nós. Tudo o que diz respeito ao ser – linguagem, criatividade, sociabilidade, cognição, inteligência – passa pelo brincar. O brincar tem importância para o presente e o futuro. A criança compreende o mundo brincando, colocando as coisas na boca, jogando objetos no chão. É com essas brincadeiras que ela se orienta geograficamente, tem noções de Matemática e Física rudimentares e práticas. É como conhece o mundo naquele momento e leva aprendizados para a vida”
“O campo de estudo do brincar ainda é um mistério, mas a sua importância para o desenvolvimento já foi confirmada. Outras espécies de mamíferos também brincam, porquê algumas são mais brincalhonas que outras? Porquê encontramos crianças que mesmo em situações adversas, que passam fome, estão doentes ou foram violentadas, encontram nas frestas do seu sofrimento um espaço para brincar? Não sabemos ainda explicar, mas já sabemos que manter a capacidade de brincar se traduz em uma maior possibilidade de vencer as adversidades. A brincadeira ensina resiliência”
ADRIANA FRIEDMANN, antropóloga e autora do livro ‘A Arte de Brincar’ (Ed. Vozes)
“A criança precisa de tempo livre, de tempo para não fazer nada, tempo de ficar sozinha, tempo de escolher o que tem vontade. A pressão das agendas cheias é absolutamente prejudicial para um desenvolvimento saudável. É importante ouvir a criança e acompanhá-la no seu cotidiano para avaliar o impacto desta sobrecarga de obrigações”
“O melhor para a criança é brincar sozinha quando quiser, com outras crianças sempre que possível e com os pais, sobretudo na primeira infância. Depende também da faixa etária dela, de suas necessidades e de seus interesses”
“Os bebês têm de brincar com seus pais ou cuidadores e experimentar o mundo conforme o espaço, estímulos e capacidades. Assim que a criança está em contato com outras crianças da mesma idade ou idades diversas, é sempre muito importante que ela interaja e, para tal, a brincadeira é o melhor canal”
“Nenhuma brincadeira é ruim. Este julgamento pode ser feito por alguém a partir dos seus próprios preconceitos ou valores. Se a criança brinca, é porque ela precisa descobrir alguma coisa nela, nos outros ou no mundo ao se redor. Brincar com eletrônicos, dependendo da faixa etária, pode ser absolutamente inadequado e a maior parte desses brinquedos não permite muita intervenção da criança”
“A criança precisa equilibrar suas atividades e também suas brincadeiras. Brincar dentro de casa, mais sossegada e também brincar fora, tendo contato com a natureza e outros estímulos. Ela precisa usar o corpo, a criatividade, ter contato com espaços e pessoas diversas e também ser apresentada a novos desafios”
“Os brinquedos são, muitas vezes, ‘pontes’ para a brincadeira acontecer. Criança brinca com imaginação, objetos, materiais desestruturados, natureza. Brinquedo industrializado não é nem obrigatório nem necessário para a brincadeira acontecer”
“As brincadeiras infantis revelam a diversidade cultural dos diversos grupos infantis, fundamentais por falarem de rituais, valores, costumes, músicas, personagens, entre outros. As brincadeiras infantis constituem patrimônio imaterial da humanidade”
“Infelizmente os professores, em sua grande maioria, não têm dado espaço e tempo para o brincar livre acontecer. O brincar livre tem entrado na escola muito mais em horários restritos e muito dirigidos. Apesar do movimento do brincar ser muito potente no Brasil, temos um longo caminho para que o brincar livre entre nas escolas com tempo e consciência suficientes para que as crianças se expressem e de desenvolvam de forma integral a partir das suas linguagens lúdicas: brincadeira, arte, música e movimento”
Parabéns Realmente as crianças precisam brincar muito! O seu desenvolvimento pode até ser didaticamente divido em fases, sendo cada uma com sua importância e por isso a necessidade de que cada criança seja vista individualmente. Brincar de forma livre e divertida é uma necessidade para também auxiliar seu aprendizado.