Educar um filho não é barato e exige um planejamento cuidadoso. É preciso levar em conta variáveis como renda bruta, número de filhos, disponibilidade de tempo da família, modelo de trabalho dos pais e até o sonho de futuro de cada criança.
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O custo educacional pode ser zero, no ensino público, ou chegar aos seis dígitos anualmente, em escola particular de tempo integral
“O custo educacional pode ser zero, ao optar pelo ensino público, ou pode chegar a seis dígitos por ano, em escola particular internacional de tempo integral”, compara Elle Braude, da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. “A família precisa conhecer o orçamento e comprometer parte da renda com gastos de educação, de forma saudável.”
O saudável, explica Elle, é investir em educação sem excessos, porque, além da mensalidade, do material e da alimentação, há outras contas a pagar.
COMO EQUILIBRAR?
Se o orçamento já está comprometido com aluguel, alimentação e saúde, a indicação é a escola pública combinada a cursos extracurriculares importantes para a formação, como o de idiomas. Nesse caso, é preciso garimpar o que cabe no bolso. Na internet, há plataformas gratuitas e conteúdo bem estruturado. Se a ideia é investir no colégio privado, costuma ser mais econômico pagar por evento. “A criança vai para a escola e depois para o inglês, o futebol ou o balé”, diz o professor Michael Viriato, coordenador do laboratório de Finanças do Insper. Mas se os deslocamentos são complicados o período integral pode ser melhor.
A associação de ensino em período parcial e cursos extracurriculares também tem vantagens. “Os cursos livres podem ser adequados aos interesses familiares. E, em caso de imprevistos, é possível priorizar a manutenção do ensino escolar, cortando os extras até conseguir se reestruturar”, diz Elle Braude.
ESCOLA BILÍNGUE
Em uma época em que o inglês já é condição para empregabilidade, garantir que os filhos cresçam fluentes é outra preocupação comum – a escola bilíngue é em média 50% mais cara do que a monolíngue. A vantagem é que o ambiente de aprendizado é mais eficaz e natural.
Essa foi a escolha do empreendedor Caco Santos, que matriculou suas duas filhas no colégio bilíngue Aubrick. Ele destina 20% do orçamento familiar para a educação de Isabella, de 14 anos, e Letícia, de 10. “Tenho a ambição de enviá-las para instituições como Stanford e Harvard, então é importante investir esse dinheiro, mesmo que isso implique cortar luxos como restaurantes e aluguel de casa de campo”, diz Santos.
Além da mensalidade, ele poupa há sete anos cerca de US$ 500 por mês para cada uma das filhas. O objetivo é ajudar a custear os cursos superiores nos Estados Unidos. “Consideramos as anuidades dessas escolas e já trabalho com a possibilidade de negociação para conseguir valores mais atrativos.”
PLANEJAMENTO
Apesar de não ser nem fácil nem simples, fazer um planejamento a longo prazo é o melhor jeito de custear os estudos dos filhos. Há cinco anos, quando as filhas Amanda e Raquel ainda cursavam o ensino fundamental, o empreendedor Allan de Souza projetou que o custo médio mensal de um bom colégio e de uma faculdade
seria por volta de R$ 5 mil.
“Calculei que para suprir os três anos do ensino médio e os cinco anos do superior ia precisar de R$ 500 mil para cada uma. Minha meta foi acumular metade desse valor ao longo dos nove anos do ensino fundamental.” Nesse tempo, Allan guardou o dinheiro de bonificações, férias e décimo terceiro e conseguiu o montante.
Raquel está no primeiro ano do ensino médio e Amanda entrou na faculdade pública. “Fui premiado, mas estava pronto para investir.”
NEGOCIAÇÃO
Negociar com os colégios desconto para pagamento antecipado e permuta de trabalho em troca de mensalidade parcial ou integral são boas estratégias. Fora as bolsas.
É recomendável que os pais busquem escolas compatíveis com o seu bolso. A criança tem de conviver com uma realidade que é igual à dela, em que as famílias tenham um padrão de vida e consumo semelhante
“De modo geral, é recomendável que os pais busquem escolas compatíveis com o seu bolso. A criança tem de conviver com uma realidade que é igual à dela, em que as famílias tenham um padrão de vida e consumo semelhante. A família de classe média que põe os filhos em uma escola extremamente cara pode gerar frustrações”, diz Myrian Lund, professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas.