Com universidades tradicionais e reconhecidas mundialmente, Portugal tem atraído cada vez mais jovens para a graduação. A seleção com uso da nota do Enem e a exigência de pontuação mais baixa do que muitas universidades brasileiras facilitam a migração. Mas, mesmo públicas, as instituições cobram taxa de anuidade.
O Enem passou a ser utilizado como seleção pelas instituições portuguesas em 2014 e 1,2 mil brasileiros já foram aprovados para estudar no país europeu. Neste ano, são 35 universidades que adotam o exame.
Sem conseguir ser aprovada em Engenharia nas USP e na Unicamp, Ana Marcela Costa, de 18 anos, já pensava em fazer cursinho quando a irmã mais velha sugeriu que ela aproveitasse a nota do Enem para tentar uma vaga em Portugal. Entrou na Universidade do Porto.
Ana precisava de uma nota mínima de 120 pontos na escala portuguesa, o que corresponde a 600 no Enem. Na UFRJ, por exemplo, a nota de corte para o curso de Engenharia Eletrônica foi de 770 no ano passado. Além da prova, as instituições portuguesas também avaliam o histórico escolar dos candidatos.
QUALIDADE E EXPERIÊNCIA
“Muitos jovens querem estudar fora do Brasil pela qualidade dos cursos e a experiência de uma nova cultura, uma troca com outras nacionalidades. Mas, para muitos, ainda parece uma realidade distante”, diz Edmilson Motta, coordenador do Colégio Etapa. Segundo ele, a baixa procura faz com que a pontuação não seja tão alta. “Um aluno que consegue 600 pontos no Enem está competitivo para as vagas de lá. Aqui, nem tanto.”
Em Direito, por exemplo, um dos cursos mais concorridos no Brasil, a nota de corte mínima do Sisu no ano passado foi de 676 pontos, na Universidade Estadual do Piauí. Para estudar nas universidades de Lisboa, Porto ou de Algarve, a nota exigida é 600.
QUAIS SÃO OS CUSTOS?
Rafael Oliveira, de 21 anos, vai tentar uma vaga em Letras na Universidade de Coimbra, mas não sabe se terá condições de pagar a anuidade de 7 mil euros (R$ 29 mil), mesmo com a ajuda dos pais. “Seria um sonho estar na mesma instituição em que estudaram Camões e Gregório de Matos, autores que admiro muito. Não acho que seria difícil entrar, mas seria um problema me manter no curso.”
Por isso, Oliveira tenta ser aprovado na USP. Para entrar em Letras, ele precisa de cerca de 760 pontos. Em Coimbra, de 600. Além da nota mais baixa, a maioria das instituições portuguesas também dá um peso maior para as áreas relacionadas aos cursos. Em Letras, por exemplo, as notas de Redação e de Linguagens correspondem a 80% do total.
FIQUE ATENTO
Pontuação: a nota mínima varia, mas a maioria exige 120 pontos na escala portuguesa (600 no Enem). Além disso, a maioria das universidades atribui pesos diferentes às provas do exame, valorizando o desempenho nas áreas relacionadas às que o aluno quer estudar.
Nomenclaturas: em Portugal, o termo licenciatura se refere aos bacharelados. Mestrados integrados duram cinco anos de duração, como Engenharia e Arquitetura.
Anuidade: Apesar de serem públicas, as universidades cobram anuidade de 1,5 mil a 7 mil euros (entre R$ 6,3 mil e R$ 29 mil).
Custo de vida: cidades maiores e mais fortes turísticas são mais caras. A estimativa é de que as despesas fiquem entre 300 e 500 euros (R$ 1,2 mil e R$ 2,1 mil).