Colaboradores e leitores do Expresso na Perifa contam o que têm visto, lido e escutado por aí, fazendo sugestões de rolês
As indicações desta semana são do Lucas Veloso
‘CLARA DA LUZ DO MAR’, DE EDWIGE DANTICAT
No romance Clara da Luz do Mar, da escritora haitiana Edwidge Danticat, o pai da pequena Claire entrega a filha — que tem 7 anos — para Gaëlle, uma vendedora de tecidos do vilarejo Ville Rose, no Haiti. Quem sabe aquela senhora pudesse dar uma vida digna à menina? O drama de Claire abre caminho para uma série de encontros e desencontros entre os moradores da região e suas dores e enfrentamentos. Nada é muito óbvio e a leitura remete a outras histórias e realidades. Preste atenção no modo como a autora descreve a cor da pele dos personagens.
‘UM TAMBOR DIFERENTE’, DE WILLIAMM MELVIN KELLY
O racismo é violento e há quem veja na fuga um jeito de escapar da realidade. O livro Um Tambor Diferente, de William Melvin Kelley, aborda sem rodeios uma suposta “saída” na vida de Tucker Caliban. Um homem negro que compra um terreno, no sul dos Estados Unidos, ali faz a sua vida até que um dia joga sal na terra, mata os animais, taca fogo na casa e vai embora com a família deixando pessoas brancas assustadas e apreensivas tentando contar, entender e explicar o que aconteceu ali.
A ‘VILA BELA’ E O ‘AMOR NÃO TESTADO’, DE AMARO FREITAS
Nascido e criado em Nova Descoberta, na periferia do Recife, o elogiado pianista e compositor de jazz Amaro Freitas desafiou estatísticas e conseguiu se fazer na música ganhando projeção internacional com o disco Sangue Negro, de 2017. Depois, o portfólio autoral abriu espaço para os álbuns Rasif, (2018) e Sankofa (2021) — com destaque para a faixa Vila Bela. Agora, em 2022, em parceria com a cantora Sandy, divulga Amor não Testado, disponível nas plataformas digitais.
TAMIRÃO E ZÉ, NAS REDES SOCIAIS
As vidas de blogueiros e influenciadores estão quase sempre distante da realidade de quem vive nas periferias. Um ponto fora da curva é Tamires da Silva, mais conhecida como Tamirão. Moradora de Guaianases, zona leste de São Paulo, ela fala de moda, estilo, política, autoconhecimento e o que mais der vontade. Outra parada é a rede do paraense Zé. Indígena Kaeté, ele debate cultura, viagem, estilo de vida, Amazônia e povos da floresta. Nas últimas semanas, por exemplo, o desmatamento e a eleição bombaram.