Com produções em parceria com artistas do hip hop, a DJ tem conquistado destaque na cena em São Paulo (SP)
No palco, diante de centenas de jovens, DJ Sophia curte a música e dança, sem deixar de exercer sua função. Ela toca seus equipamentos de olhos fechados e vive um sonho. Aos 22 anos, a artista tem uma festa para chamar de sua: é o Baile da DJ Sophia.
Filha de uma trabalhadora doméstica e de um zelador, que migraram do Piauí para São Paulo (SP) em busca de melhores condições de vida, DJ Sophia passou a infância entre o centro da cidade, onde os pais trabalhavam, e a zona sul, no Capão Redondo, zona sul da cidade, onde a avó morava.
Aos 12 anos, ela começou a acessar o universo do rap e do movimento hip-hop. A influência veio de casa: seu irmão e dois tios gostavam de grupos como Racionais MCs. Por recomendação da tia, passou a ouvir também as rappers da cena, como Dina Di, Sharylaine e Amanda NegraSim. “Comecei a ir em todos os shows de rap possíveis, desde a zona sul até o extremo leste”, conta.
Ser DJ não estava entre seus desejos até então. O cenário mudou quando ela e uma amiga foram até uma reunião sobre o mês do hip-hop. Encantadas com os ideais do movimento, decidiram se encaixar nele como artistas.
“Olhei pra mim, e, pensei: MC não sou, break não sei dançar, grafite, não sei desenhar, mas música, amo”, relata. A partir daí começou a procurar cursos e oficinas gratuitas para aprender a arte da discotecagem.
Suas primeiras aulas foram com a DJ Vivian Marques, que viu o seu potencial. Depois do curso a convidou para tocar em um evento. “Ali comecei a sonhar em ser a DJ Sophia”.
“Depois disso, fiz várias oficinas, comecei a juntar dinheiro para comprar agulha, vinil, demorei um tempo para trocar o computador. Uma coisa foi levando a outra”, relata.
‘O baile da Sophia bombou’ – DJ Sophia diz lembrar do momento em que contou para os pais que sairia do emprego que tinha na área administrativa e se dedicaria apenas a carreira artística. Eles ficaram assustados, queriam que ela fizesse faculdade e tivesse estabilidade financeira. Após o recebimento dos primeiros cachês a preocupação diminuiu um pouco. “A maior realização para nós que somos da arte é poder mostrar para os nossos pais que conseguimos nos manter e ajudá-los”, afirma.
Quando olha para o início da sua trajetória, Sophia tem orgulho do que conquistou. Ganhou reconhecimento na cena do hip hop, acompanhou a rapper Karol Conká, além de ter criado a própria festa, que já conta com quase dez edições.
O baile surgiu a partir de uma parceria com um profissional da área. Mesmo sem experiência com a produção de eventos e sem muitas noções sobre custos, realizou a primeira edição da festa em fevereiro de 2022. Chamou rappers que já tinha contato, como Tasha e Tracie, MC Luanna e Souto MC. Esperava 200 pessoas no evento, mas se surpreendeu quando mais de 1500 apareceram. “O baile da DJ Sophia bombou”, cita.
A artista produz o baile com o objetivo de abrir espaços para as mulheres do movimento hip hop. “Muitas minas que participaram do baile cresceram muito mais”, pontua. “Minha ideia é fazer do baile uma oportunidade, como na minha escolha das trilhas”. De olho no futuro da carreira, DJ Sophia quer trabalhar com produção musical e ampliar o seu baile para torná-lo um festival.
Serviço: Para as minas que querem aprender a arte da mixagem, a dica é procurar o projeto TPM – Todas Podem Mixar, escola de DJs voltada para mulheres, criada pela DJ Miria Alves. As oficinas são itinerantes, com edições em vários estados e também online.