Mulheres, mesmo sendo a maioria da população brasileira (51,8%), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda lutam por conquistar espaço em cenários desiguais, não importa a área nem o local. Mas não só aqui. Estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) analisou dados de 75 países, e cerca de metade dessa população considera que homens são melhores líderes políticos do que elas, e mais de 40% acham que os homens são os melhores diretores de empresas.
Ocupar espaços, seja onde for, faz parte de um movimento que ganha cada dia mais força e representatividade em várias sociedades, inclusive na brasileira, apesar dos desafios da equidade de gênero. E eles são inúmeros, principalmente se levarmos em conta que nossa cultura sempre elegeu modelos masculinos como padrões de referência.
“Dependendo do perfil da pessoa, podemos citar algumas condutas mais comuns em relação às conquistas femininas, como aquelas que inviabilizam seu protagonismo”, explica Carine Roos, socióloga especializada em diversidade e inclusão, CEO e fundadora da Newa Consultoria. “Outros, mais conscientes, cometem microagressões, como comentários maldosos ou brincadeiras. E há, ainda, quem não se enxerga como machista, mas reproduz o que assimilou em sua vivência. Esses perfis têm o que chamamos de vieses inconscientes”, explica a especialista.
Luciana Alves Gerônimo, 41 anos, motorista de ônibus na BR Mobilidade, consórcio responsável pelo transporte coletivo de passageiros na Baixada Santista, vivencia todas essas situações em seu dia a dia. Há quatro anos, ela atua em linhas que percorrem as cidades de Santos (SP) e São Vicente (SP) e conta estar muito realizada com a profissão. “Comecei na empresa há 10 anos, e passei por áreas internas como Operação e Ouvidoria. Mas sempre quis ser motorista: era meu sonho. Percebo que nossa presença tem aumentado, o que é muito bom, porque nossa sensibilidade é uma característica excelente para quem lida com o público”, revela.
Reações adversas — De acordo com a profissional, uma mulher conduzindo um ônibus provoca comportamentos variados. “Alguns passageiros gostam e elogiam. Mas percebo o preconceito todos os dias. Já me ‘elogiaram’ dizendo que dirigia tão bem quanto um homem”, revela. “Agradeci, mas disse que não era legal essa comparação. O que importa é sermos bons profissionais”, acrescenta. Vira e mexe, Luciana é questionada se recebe o mesmo salário que um motorista homem. “Respondo com uma pergunta: ‘por que seria diferente?”
Para mulheres que sonham com áreas antes consideradas essencialmente masculinas, ela manda seu recado: “O importante é seguir em frente, sem deixar que ninguém coloque barreiras no nosso caminho. Tenho uma filha de 18 anos e ela já entendeu a importância de ser uma mulher independente e de fazer o que gosta.”
Por uma ótica mais inclusiva — Transformar essa realidade, tanto no mercado de trabalho quanto nas estruturas urbanas de maneira geral, passa pela necessidade de pensar as cidades sob uma ótica feminina. Não só de oferecer infraestrutura adequada e políticas públicas que atendam às necessidades delas, mas oportunidades de crescimento diversas. “Essa luta visa obter mais liberdade para que ocupemos espaços e tenhamos segurança”, explica Juliana Biasi, diretora de marketing da 99 plataforma de tecnologia voltada à mobilidade urbana com usuários em cerca de 2 mil municípios do Brasil.
Em sua base, as mulheres são 5% dos motoristas parceiros cadastrados e 60% dos passageiros. Para esse público, a 99 investe em várias ações pelo aumento do protagonismo feminino na sociedade. Uma das mais recentes é a parceria com a Bloom, femtech de saúde, para contratação de grávidas. De acordo com a 99, são mais de 60 vagas abertas para cargos de estágio, analista, especialista, gerente e gerente sênior. Para conhecer todas as ações da empresa voltadas às mulheres, clique neste link.