O projeto Favela Galeria imprime nos muros da Vila Flávia o dia a dia da periferia. São retratos e outras imagens que abordam o cotidiano, a identidade e a diversidade da população. Os artistas grafiteiros pintam as cenas ao ar livre e usam paredes, fachadas, portões e postes como suporte a mais de 300 obras. Isso dá uns quatro ou cinco quilômetros de grafite: a arquitetura da comunidade, que fica em São Mateus, virou tela agigantada.
Os muros da Vila Flávia sempre serviram de tela para os grafites dos pioneiros da iniciativa, Toddy e Val Opni, do coletivo Objetos Pixadores Não Identificados (Opni). Criado na década de 1990, o Opni era formado por vinte jovens moradores do bairro de São Mateus que se reuniram para usar a arte para desconstruir ideias ruins vinculadas a quem vive longe dos centros urbanos. Foi em 2009 que surgiu a ideia de concentrar os murais em alguns trajetos e cobrir uma sequência de espaços na Vila Flávia.
O objetivo é gerar impacto, ecoar olhares diferentes para a própria existência e resgatar a autoestima dos moradores, entre eles jovens grafiteiros que começam a se expressar nas vielas, nos arredores dos córregos, nos muros da região
Os artistas costumam dizer que os muros da favela falam. Gleyson Klein, que atualmente é um dos responsáveis pelo projeto, reforça que o Favela Galeria existe e foi criado na intenção de combater estereótipos. “Nas nossas comunidades não existe apenas crime, bar e igrejas. Existe também a influência da arte, algo primordial para nossas crianças e a juventude”, afirma. O objetivo é gerar impacto, ecoar olhares diferentes para a própria existência e resgatar a autoestima dos moradores, entre eles jovens grafiteiros que começam a se expressar nas vielas, nos arredores dos córregos, nos muros da região.
Os passeios na Favela Galeria, zona leste de São Paulo, começam na Rua Archângelo Archina, 587. Dá para agendar visitas monitoradas por email e nas redes sociais
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