Ademar Lucas, também chamado de monstro do S.A., Luquinha, Ademar e Ademafia, nasceu no bairro de Santo Amaro, favela do Catete, na zona sul do Rio de Janeiro. Skatista profissional desde os 11 anos, Luquinha é um agitador cultural na comunidade — além de ser apresentador e videomaker do canal Ademafia nas redes sociais.
Para Luquinha, que tem hoje 30 anos, o skate é uma filosofia e precisa ser visto como meio de mobilidade na cidade. Entre as principais vantagens, destaca a economia de tempo, o fato de ser ecologicamente saudável, de permitir uma movimentação diferente e ocupar todos os espaços. “Você pode remar na contramão”, diz. “Numa cidade poluída e cheia de veículos, um transporte alternativo é literalmente uma remada na contra maré.”
Graças ao skate, Luquinha conta que conhece lugares e pessoas diferentes e estabelece com a cidade uma outra conexão, rompendo a bolha social.
No skate, dá para sair todos os dias a caminho da pista, remando, encontrar amigos e logo depois estar numa exposição de arte ou em um evento musical, tudo em um só rolê. Dá para se locomover pela cidade de uma forma eficiente e divertida
Como skatista profissional, Luquinha esteve em muitos países e sempre foi uma ponte entre a periferia e o resto do mundo. Sua vivência pautada na coletividade deu origem ao Instituto Ademafia, onde ensina os fundamentos do esporte para os jovens da periferia de onde nasceu e cresceu, no morro do Santo Amaro.
Ele diz que sua missão é salvar vidas através do esporte e da cultura e conseguir melhorias para a comunidade onde mora. Para isso, Luquinha se desdobra. Ora vai atrás de patrocínios para jovens atletas, ora mobiliza pessoas na construção de uma casa. Em setembro de 2021, por exemplo, conseguiu nas redes sociais os recursos para o lar de um morador da comunidade.
Multiplicando ideias — Luquinha usa essa visibilidade na vida digital para influenciar jovens das favelas e aumentar as oportunidades de meninas e meninos. Do coletivo Ademafia, que reúne skatistas do bairro, fotógrafos e grafiteiros, nasceu o canal em que mostram seus trabalhos e compartilham experiências, engajando e acolhendo seguidores, para que todos sintam que fazem parte de algo.
O coletivo ainda movimenta o Baile do Ademar, no Santo Amaro, que conta com os nomes mais conhecidos das paradas musicais. Recentemente, o rapper Filipe Ret se apresentou sem cobrar cachê. Em outro extremo, a festa se abre a novos artistas da comunidade. Uma das últimas ações coordenadas por Luquinha foi levar sete artistas para uma conexão internacional. Eles fizeram festas em alguns países da Europa com mais oito produtores.
Em 2021, o coletivo Ademafia completa oito anos. Cerca de 70 crianças e jovens estão inscritos nas atividades do grupo.