5 janeiro 2023 em Mobilidade Urbana
Nas avenidas 23 de Maio e Bandeirantes, projeto completa 1 ano com previsão de ampliação
A Faixa Azul, nova sinalização que regulamenta o trânsito de motos pelo “corredor” na cidade de São Paulo, completa um ano este mês com aprovação de 93% dos motociclistas e redução de acidentes graves e mortes. Pioneiro no Brasil, o projeto está em 22,5 Km de extensão nas avenidas 23 de Maio e Bandeirantes.
A iniciativa da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Mobilidade e Trânsito (SMT) e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), tem o objetivo de aumentar a visibilidade das motos dentro da malha viária e, assim, evitar acidentes, além de contribuir para a organização e a fluidez do trânsito. Atualmente, há 1,3 milhão de motos em circulação na Capital.
Implementada em janeiro de 2022 na 23 de Maio (sentido aeroporto), a Faixa Azul foi expandida em outubro para a Bandeirantes (entre a Via Marginal do Rio Pinheiros e o Viaduto Ministro Aliomar Baleeiro). O último balanço divulgado pela SMT indica que não foram registradas mortes desde então nas avenidas.
Nesse período, houve 139 acidentes nessas vias e cerca de 60% ocorreram fora das faixas. A incidência de acidentes com vítimas também foi maior fora da Faixa Azul (52,5%). Na 23 de Maio, nos dez primeiros meses, houve 41 acidentes dentro da faixa, por onde circularam 81,3% dos motociclistas (20.257 por dia) e 48 fora (2.880 motos/dia). Na Bandeirantes, 92,7% optaram pela faixa (37.120 motos/dia), enquanto 18,7% dos motociclistas (7.214 motos/dia) rodaram fora dela.
“Os números de ocorrências e vítimas registrados nos períodos de testes demonstram que, apesar de um volume muito maior de motociclistas circulando pela faixa, o risco de sofrer acidentes é menor, como também é menor a gravidade dessas ocorrências”, ressaltou a CET em nota.
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A análise de eficácia da faixa, contudo, não é feita simplesmente pelos números absolutos de acidentes. A CET adotou uma métrica internacional, a Taxa de Severidade, que leva em conta diversos fatores. Quanto menor é essa taxa, mais segura é a via. Além da gravidade do acidente, são ponderados o limite de velocidade, extensão, os tipos de veículos que transitam e o volume de tráfego diário, por exemplo.
Nos dois primeiros meses de operação, a Faixa Azul da Bandeirantes apresentou taxa de 2,29 UPS/Milhão de Motos/Km (Unidade Padrão de Severidade por milhão de motos por quilômetro). Fora da Faixa, a taxa foi de 11,38 UPS/Milhão de Motos/Km. Logo, o espaço destinado aos motociclistas nessa via é cinco vezes mais seguro.
Na 23 de Maio, nos dez primeiros meses de teste, a taxa registrada foi de 3,33 UPS/Milhão de Motos/Km para quem circula na nova sinalização, enquanto a taxa é de 10,26 UPS/Milhão de Motos/Km para quem transita fora da faixa.
O novo espaço reservado às motos está entre as faixas 1 e 2. O balizamento é feito por meio de faixa pintada na cor azul, que inspirou o nome do projeto. A sinalização também usa tachas reflexivas azuis em led, dispositivos auxiliares que melhoram a visualização da faixa à noite. Outra função é manter as motos dentro do balizamento e ajudar na visualização nos dias de chuva. A faixa permite a circulação segura das motocicletas entre as duas filas, com menos conflitos entre os demais veículos.
“Estou me sentido mais seguro. Os próprios motoboys respeitam mais os carros, que não ficam mais colados. O carro dá a seta, já tem espaço, o motorista entra tranquilo e a gente segue viagem”, diz o motoboy Marcos Cardoso Alves, de 47 anos, que aprova a iniciativa municipal. Morador de Interlagos, na zona sul, ele exerce a profissão há mais de 20 anos. Nesse período, envolveu-se em dois acidentes, um grave que o deixou três meses em coma.
Segundo a CET, foram investidos aproximadamente R$ 500 mil no projeto-piloto, para o qual foram ouvidos especialistas e órgãos da área, bem como representantes da categoria. Gilberto dos Santos, presidente do SindimotoSP e da Febramoto, acompanha a ação desde o início e afirma que ela veio para melhorar a vida de quem anda de moto e também de carro ao organizar a disputa pelo espaço no trânsito.
A iniciativa representa uma inovação na legislação de trânsito. Sem previsão no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a CET obteve autorização da Senatran para colocar a medida em prática. A próxima avenida a receber a Faixa Azul será a Rubem Berta, entre o complexo viário João Jorge Saad e a Bandeirantes, com extensão aproximada de 2 km.
O órgão municipal também já tem autorização para instalar nas avenidas Santos Dumont, Tiradentes e Prestes Maia, entre a Ponte das Bandeiras e a Praça da Bandeira, com extensão aproximada de 4 km.
Mylena Lira