24 janeiro 2023 em Infraestrutura E Obras
Sistema operado desde o verão passado cruza dados para prever temporais
Minimizar os impactos das chuvas é uma preocupação recorrente da administração municipal paulistana. No ano de 2018, São Paulo registrou 57 pontos de alagamento, mas, segundo a Prefeitura, investimentos dos últimos cinco anos têm diminuído a incidência dos transtornos causados por chuvas fortes — em 2022, foram registrados 22 áreas alagadas. Entre os novos serviços está o sistema Urano, criado para o monitoramento dos piscinões e das condições climáticas da Capital paulista.
O Urano, que entrou em operação no verão de 2021, permite a previsão de eventos meteorológicos extremos (como chuvas intensas e ventos fortes) a partir da integração com instrumentos de superfície do Sistema de Alertas a Inundações de São Paulo (Saisp) e do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE). No Centro de Controle Operacional, o monitoramento é feito por uma equipe de quatro pessoas em turnos alternados e ocorre 24 horas por dia, de domingo a domingo.
Além de possibilitar o cruzamento de dados para calcular as probabilidades de alagamentos, inundações, queda de árvores e deslizamentos — frequentemente causados pelas chuvas fortes que atingem a cidade durante o verão —, o sistema também centraliza o acompanhamento do armazenamento de água dos piscinões, drenagem e escoamento da água, realizado por sensores nos reservatórios e túneis.
Como funciona o sistema inteligente?
Para realizar suas predições, a inteligência artificial armazena dados como os aspectos físicos e hidrológicos do relevo da cidade de São Paulo; volume histórico de chuva; pontos de alagamentos; limpezas efetuadas em galerias e informações sobre os processos de impermeabilização do solo e de drenagem causados pela urbanização.
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Quero receber!Já para calcular as probabilidades de ocorrências com o máximo de assertividade, o modelo computacional divide a cidade em pequenas áreas de análise chamadas de “hexágonos”, com tamanho aproximado de cinco quarteirões. A partir daí, o sistema mostra no mapa os locais de possíveis incidentes, o que possibilita que as subprefeituras sejam alertadas e possam posicionar as equipes.
Segundo William Alves de Araújo, analista do Sistema Urano da Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB), o sistema é modelado com machine learning (ou aprendizado de máquina), o que significa que ele é capaz de aprender com os dados das experiências que armazena. “A cada evento relatado, ele aperfeiçoa as suas análises futuras”, explica.
Quanta água pode armazenar um piscinão?
Criados para conter a água dos rios que transborda devido às chuvas, os piscinões cumprem a função das antigas áreas de várzea (terrenos no entorno de rios e córregos) para reduzir os processos de inundações e de alagamentos em determinadas áreas da cidade. Hoje, as bombas são acionadas de forma remota, e o monitoramento faz com que seja possível definir o melhor momento para drenar a água excedente de volta para o rio.
Existem três categorias de piscinões; de pequeno, médio e grande porte, e a capacidade de cada reservatório varia de acordo com elas. Os de pequeno porte armazenam, em média, de 30 a 50 mil metros cúbicos de água. Os médios, de 50 a 150 mil metros cúbicos, e as estruturas de grande porte podem ultrapassar os 300 mil metros cúbicos. É o caso do piscinão Guamiranga, que comporta até 800 mil metros cúbicos, e do piscinão da Pedreira, com capacidade de até 1,5 milhão de metros cúbicos, ambos na zona leste.
O principal fator de alerta para as chances de sobrecarga do piscinão, que poderia causar enchentes e alagamentos, é a capacidade de armazenamento do reservatório. Mas, de acordo com William, é difícil que uma chuva faça com que a água ultrapasse o limite. “Uma estrutura de contenção é projetada com um grau alto de de segurança, a partir de estudos hidrológicos e dados históricos das chuvas. Esse projeto considera um evento extremo de chuva de alta intensidade, que tem probabilidade quase nula de ocorrer, para que o seu limite de armazenamento seja superado”, esclarece.
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