14 abril 2023 em Cultura
Em 2022, cerca de 30 mil pessoas conheceram a construção de 1911 com o programa
O ingresso para assistir a uma ópera no Theatro Municipal de São Paulo, no Centro, pode custar de R$ 12 a R$ 158. No entanto, é possível conhecer o prédio projetado por Ramos de Azevedo, sem gastar nada. De terça-feira a sábado, acontecem visitas educativas gratuitas. O Expresso Bairros acompanhou um dia da atividade.
Minutos antes de começar o passeio, uma pequena fila se forma na porta lateral do Theatro. Logo que entram, as pessoas aproveitam o foyer vazio para fazer fotos e selfies na escadaria que leva à sala de concerto. O grupo tem cerca de 30 pessoas, a maioria de fora da cidade — Mato Grosso, Ceará, Santa Catarina e interior de São Paulo. O que não é incomum. No último trimestre de 35% a 40% dos participantes não eram moradores de São Paulo.
Sempre que recebe uma visita de algum amigo ou parente que não conhece a Capital, a enfermeira Karime Viana, 43 anos, faz questão que a pessoa faça uma visita guiada ao Theatro Municipal.
“Eu já fiz umas 20 vezes esse tour, sempre aprendo algo diferente”, diz ao Expresso Bairros.
Desta vez, Karime levou a amiga Girlete Queiroz, 70, de João Pessoa (PB). “Achei a visita maravilhosa. Agora quero voltar para ver uma ópera”, afirma.
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Quero receber!Um lugar para ser visto
Os passeios são conduzidos por educadores com formações variadas, como em história, artes e arquitetura. Por isso, as visitas podem trazer informações diferentes dependendo da área de estudo do profissional. No dia em que a reportagem acompanhou a atividade, a educadora, formada em história, conversou com os participantes sobre questões históricas e sociais que envolvem o Theatro.
O percurso também está sujeito a mudanças conforme a agenda de eventos. Como não estava acontecendo nenhum ensaio na sala de espetáculos, o passeio começou pelo espaço onde fica o principal palco da cidade. No local, os visitantes puderam observar, por exemplo, que os gradis que separam a plateia dos lugares superiores, quanto mais no alto ficam, mais simples são os elementos decorativos.
Na época de sua inauguração, os desenhos menos rebuscados do guarda-corpos significavam que pessoas menos importantes sentavam naqueles lugares. Afinal, mais do que um local para se ver óperas e concertos, o Theatro era o endereço em que pessoas iam para ser vistas. Não à toa os camarotes das autoridades ficavam em cima do palco — onde, hoje, estão instalados os tubos do órgão da orquestra.
Inaugurado em 1911, em seus primeiros anos, o Theatro servia de ponto de encontro na noite paulistana, pois era um dos poucos espaços com luz elétrica da cidade, possibilitando que o rendez-vous se entendesse até altas horas. Sua importância social e cultural na cidade foi o que fez o endereço ser o escolhido para abrigar a Semana de Arte Moderna de 1922, pois os organizadores precisavam de um espaço que ajudasse a repercutir as propostas ousadas daqueles artistas para a época.
Uma ode às artes
Com projeto inspirado na Ópera de Paris, nenhum ornamento foi colocado no Theatro por acaso. Todos os elementos decorativos apresentam relação com a dança, a música e as artes cênicas.
Para citar alguns exemplos: acima do palco, está um busto do maestro Carlos Gomes (1836–1896), um dos principais nomes da música clássica brasileira; no foyer, os dois mosaicos trazem cenas da ópera “O Anel do Nibelungo”, do compositor alemão Richard Wagner; e no Salão Nobre, ricamente decorado de espelhos e ornamentos dourados, está um afresco sobre as origens do teatro pintado por Oscar Pereira da Silva (1867–1939).
Em 2022, cerca de 30 mil pessoas fizeram as visitas, que devem ser agendadas com um dia de antecedência pelo site. A atividade, de cerca de uma hora, acontece de terça a sexta, das 10h às 17h; e aos sábados, das 10h às 14h. Depois da visita, você pode aproveitar para tomar um café ou almoçar no Salão Dourado, com espelho e balcão desenhados pelos Irmãos Campana.
Onde
Praça Ramos de Azevedo, s/n — Centro. Site: theatromunicipal.org.br
Karina Sérgio Gomes