8 maio 2023 em Saúde
Alvo são pessoas entre 9 e 14 anos e imunossuprimidas de 9 a 45; esquema varia entre 2 e 3 doses
Apenas 51,4% do público infanto-juvenil completou o esquema vacinal contra o HPV na cidade de São Paulo em 2022 – resultado inferior à meta de 80%, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Os números ainda mostram que os meninos estão se vacinando menos do que as meninas contra o vírus. No público masculino, a cobertura alcançou 35,59%, a menor desde 2019 (51,2%); no feminino, 67,65%, abaixo do registrado no ano pré-pandemia da Covid-19 (80,8%).
A baixa cobertura também se repete no país e no estado de São Paulo. De acordo com o Ministério da Saúde, o indicador para as duas doses do imunizante atingiu 57,44% entre meninas em 2022 e 36,59% na população masculina. Segundo o MS, a cobertura no Estado alcançou, respectivamente, 59,75% e 38,43%.
Para a médica Melissa Palmieri, da Coordenação de Vigilância em Saúde da Capital, a desinformação, resistência da população à vacina e divulgação de conteúdos falsos nas mídias sociais contribuem para que os pais duvidem da segurança do imunizante. “Isso impacta negativamente nas escolhas que eles vão fazer, porque o medo, obviamente, paralisa as pessoas”, diz.
Para reverter o cenário, Melissa afirma que a SMS desenvolveu um sistema que identifica quem ainda não tomou a vacina para orientar busca ativa nas unidades de saúde e, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, implementou a Declaração de Vacinação Atualizada (DVA) – documento de comprovação vacinal solicitado pelas escolas – para orientar os pais e responsáveis a atualizar a vacinação pendente dos estudantes, incluindo a do HPV.
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Quero receber!A DVA também orienta ações de busca ativa realizadas pela SMS. “Essa é mais uma iniciativa efetiva da gestão municipal para oportunizar o acesso às vacinas oferecidas pelo PNI; atualizar a situação vacinal e melhorar as coberturas vacinais; controlar a situação vacinal da comunidade escolar e contribuir para o controle, eliminação e/ou erradicação das doenças imunopreveníveis”, afirma a secretaria em nota.
Por que vacinar contra o HPV?
A vacinação é a principal forma de se prevenir contra o vírus HPV. Segundo o Ministério da Saúde, a infecção transmitida sexualmente pode provocar o aparecimento de verrugas nas regiões genital e anal e o desenvolvimento de câncer de colo uterino, de pênis, de vulva, de ânus e de orofaringe.
Na cidade de São Paulo, a imunização contra o HPV está disponível gratuitamente durante o ano todo nas Unidades Básicas de Saúde, nos Serviços de Atenção Especializada e nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. Nos primeiros três meses deste ano, mais de 62 mil doses foram aplicadas.
São dois os públicos-alvos: crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, 11 meses e 29 dias, com esquema vacinal de duas doses; e pessoas que vivem com HIV/AIDS, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos de 9 a 45 anos de idade – grupo de pessoas imunossuprimidas, com administração de três doses.
Para atendimento, os pais ou responsáveis devem levar os seus documentos de identificação e da criança ou adolescente. Recomenda-se a apresentação da carteira de vacinação. Em caso de perda ou dano, os equipamentos realizam a confecção de uma nova carteira.
No caso das pessoas imunossuprimidas, é preciso apresentar o comprovante de condição de risco, como receita, relatórios físicos ou digitais, com a identificação do paciente e CRM com carimbo do médico e validade de dois anos da data de emissão.
Embora integre o grupo elegível para o HPV, a médica Melissa Palmieri explica que não há produção de indicador de cobertura vacinal para a população de imunossuprimidos diante da dificuldade de realizar estimativas ou contagem desse público.
Cobertura vacinal HPV na cidade de São Paulo
2019
Meninas: 80,8%
Meninos: 51,2%
2020
Meninas: 67%
Meninos: 57,2%
2021
Meninas: 68,4%
Meninos: 57,6%
2022
Meninas: 67,65%
Meninos: 35,59%
Abel Serafim