16 maio 2023 em Cultura
Nesta quinta (18), a Casa da Boia celebra 125 anos e segue comercializando itens hidráulicos
Entre o fim do século 19 e começo do 20, a rua Florêncio de Abreu foi um importante ponto de comércio chique da cidade. Entre os itens considerados de luxo estavam sifões e boias de caixa-d’água para os raros banheiros com água e esgoto encanados.
A Rizkallah Jorge Filhos, fundada em 1898, era uma das poucas lojas que comercializavam as peças hidráulicas confeccionadas em bronze em sua fundição — reza a lenda que a empresa foi a primeira a fabricar e comercializar boias de caixa-d’água e por isso ganhou o apelido de Casa da Boia.
Atualmente, o estabelecimento, além de seguir vendendo torneiras e materiais hidráulicos, mantém viva sua história com um museu no terceiro andar.
A empresa se mudou para o número 123 da rua Florêncio de Abreu em 1909. À época, a boia já era uma referência do comércio. Um relevo do item, na fachada ornamentada do edifício, aponta sua importância para a empresa. Seu fundador, o imigrante sírio Rizkallah Jorge, trabalhava e morava em sua sede.
A loja funcionava no térreo, na parte da frente. Nos fundos, ficava a fundição de cobre. No segundo andar, localizava-se a residência da família — que se mudou, nos anos 1920, para um palacete na avenida Paulista.
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Quero receber!Mais de um século depois, a loja segue no térreo do mesmo endereço. Além de materiais hidráulicos, comercializa peças em bronze, como tachos e panelas, para lembrar o passado da fundição. Entre as prateleiras com itens à venda, a loja exibe sua história com os moldes de canos e outras peças que eram fabricadas ali.
A fundição dos fundos deu lugar ao estoque. O terceiro andar, onde ficava a residência, abriga um pequeno museu que conta a história da empresa. “Meu pai colecionava antiguidades e minha mulher é artista plástica. Temos na família esse apreço pela história e pelas artes”, conta Mário Rizkallah, diretor da empresa.
Em 1998, em comemoração ao centenário da Casa da Boia, a família resolveu fazer um restauro minucioso do prédio, tombado pelo Condephaat, em 1992. A construção hoje mantém, na fachada, o amarelo-claro original da primeira pintura.
No terceiro andar, onde fica o museu, os restauradores tiveram o cuidado de deixar, em algumas paredes, detalhes de como foram decoradas originalmente.
Em um dos quartos estão móveis de época — a exemplo de uma antiga máquina registradora, uma escrivaninha e um mostruário de peças. Pelas outras salas, espalham-se peças que foram confeccionadas na fundição, como canos, suportes para gravatas, bengalas e guarda-chuvas, além de, claro, a boia — que deu nome ao comércio.
Nas últimas quintas-feiras do mês, acontecem visitas guiadas gratuitas com historiadores que contam curiosidades sobre o passado do empreendimento e seu acervo. A próxima será no dia 25/5, das 14h às 16h. Inscrições devem ser feitas por meio do formulário: casadaboia.com.br/cultural/visitas-monitoradas/.
Karina Sérgio Gomes