17 maio 2023 em Turismo

Conheça 11 eventos nas zonas sul, norte e leste da Capital; próximo é neste domingo (21)

O movimento de levar a Parada do Orgulho LGBT+ à periferia de São Paulo, iniciado na década de 2000, vem sendo intensificado nos últimos anos por coletivos independentes. O sentido continua sendo mostrar que a comunidade existe para além da região central, onde a avenida Paulista costuma receber desde 1997, sempre no mês de junho, milhares de pessoas para celebrar a diversidade e reivindicar direitos.

A reportagem do Expresso Bairros identificou a organização de 11 paradas periféricas nos seguintes bairros: Itaim Paulista, São Mateus, São Miguel Paulista, Itaquera, Guaianases e Cidade Tiradentes, na zona leste; Capão Redondo, Santo Amaro, Grajaú e Campo Limpo, na zona sul, e Taipas, na norte.

O primeiro movimento em direção à periferia ocorreu em 2002, no Itaim Paulista, mas sem periodicidade definida, devido a dificuldades de planejamento, falta de estrutura e de um movimento organizado, diz Elvis Justino Souza, líder do coletivo Família Stronger e diretor da parada na avenida Paulista. Depois, outras surgiram em territórios diferentes, contudo, sem regularidade também.

“Percebemos que as pessoas que admiramos, os nossos ídolos, não conseguiram manter por muito tempo as paradas nas periferias”, diz Elvis. Desse cenário, veio a vontade de resgatar a manifestação política e cultural para “não deixar morrer” o que tinha sido construído anos atrás.

Em 2017, o coletivo realizou a sua primeira parada em Cidade Tiradentes, de modo improvisado: a estrutura do palco era de madeira, havia apenas um pequeno trio elétrico cedido por um sindicato e  gambiarras elétricas por todo lado. Reuniram à época 250 pessoas.

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O evento, no entanto, chamou a atenção da comunidade LBGT+ nos bairros e hoje, além de Cidade Tiradentes, a Família Stronger organiza as paradas no Itaim Paulista, Capão Redondo, Campo Limpo, Taipas e São Mateus. Costumam participar duas mil pessoas em média e trinta artistas, segundo os organizadores.

Rodrigo Rodrigues, conhecido artisticamente como Deejay RR, já se apresentou em paradas na periferia, como a de Campo Limpo e Cidade Tiradentes. Agora, o coletivo Diversidade da Zona Sul, criado no ano passado e presidido por ele, promove paradas nos bairros Santo Amaro, cuja primeira edição ocorreu no mês passado, e no Grajaú, com segunda edição marcada para o próximo dia 21.

Rodrigues afirma que as iniciativas foram criadas para usar os espaços públicos em prol da população LGBT + e valorização dos artistas periféricos. “A comunidade está se movimentando, abrindo mais espaços e oportunidades e ocupando mais locais públicos”, destaca.

“Chegou a hora de mostrar que a gente existe na periferia”, afirma Ghe Santos, fundador do coletivo Família Pynks, que começou a organizar este ano as paradas em Itaquera, Guaianases e São Miguel Paulista.

Para Renan Quinalha, professor de Direito na Unifesp, essa articulação traz mudanças nas ocupações dos espaços da cidade e a possibilidade de novas pautas. “As pessoas começam a se expor mais nos seus próprios ambientes, para as suas famílias. Antes, elas tinham que sair escondidas dali e iam se revelar, se vestir, se montar só quando chegassem ao centro da cidade”, afirma.

“Historicamente, as pessoas se dirigiam às regiões centrais porque tinham mais margem de exposição dentro dos guetos formados nesses locais”, explica Quinalha. O professor analisa que a expansão do movimento não esvazia a região central. 

Para os organizadores, um dos desafios é conseguir ações de fomento do poder público para custear o evento, que varia de R$ 50 mil a R$ 130 mil, e criar iniciativas em outros locais de São Paulo.

Além de apoiar os eventos na infraestrutura com a instalação de banheiros públicos, fornecimento de kit lanches, água e ambulâncias, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, informou que está se reunindo com os organizadores das paradas periféricas para discutir mais formas de incentivo.

 

Agenda

 

Grajaú: 21/5
Rede social: @diversidade.zs

São Miguel Paulista: 28/5
Rede social: @paradasaomiguelpaulista

Taipas: 2/7
Rede social: @redefamiliastronger

São Mateus: 9/7
Rede social: @redefamiliastronger

Cidade Tiradentes: 10/9
Rede social: @paradalgbticidadetitadentes/ @redefamiliastronger

Itaim Paulista: 5/11
Rede social: @itaimparadalgbt/@redefamiliastronger

Campo Limpo: 03/12
Rede social: @campolimpoparadalgbtf/@redefamiliastronger

As paradas no Capão Redondo e em Santo Amaro foram realizadas em abril. As de Guaianases e Itaquera ainda não definiram datas.

 

Abel Serafim