23 maio 2023 em Turismo

Capela de São Miguel Arcanjo foi fundada por José de Anchieta e tem quatro séculos de história

De aparência singela e fachada simples, com as paredes pintadas de branco, a Capela de São Miguel Arcanjo, na região de São Miguel Paulista (zona leste), guarda 400 anos de história. Chama a atenção por ser uma das raras construções do século 17 a manter suas características praticamente intactas.

Construída com bambu e sapé em 1560 em uma área que viria a se tornar o centro do bairro, ela foi reconstruída em 1622. “A fachada tem 22 de julho de 1622 (como a data de construção), mas há registros de batizados sendo realizados pelo padre José de Anchieta em 1560”, explica Juliana Pessoa, coordenadora cultural da capela.

As paredes da estrutura são feitas de taipa de pilão, uma técnica de construção que comprime barro ou terra em formas de madeira que se assemelham a caixas; as taipas. O templo comporta de 80 a 90 pessoas sentadas e fica na praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, em que divide o espaço com a Catedral de São Miguel Arcanjo — erguida a partir de 1950.

Fotos: Hélvio Romero/Estadão

Ambas as igrejas estão sob a Diocese de São Miguel Paulista. Desde 2011, a capela conta com um museu pensado para ressaltar a importância histórica, cultural e religiosa da construção, pela qual passam, em média, 400 pessoas por mês.

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O boletim é semanal, às segundas, quartas e sextas.

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A entrada para conhecer o museu custa R$ 5 e o passeio ocorre de terça-feira a sábado, das 10h às 16h. As visitas guiadas podem ser realizadas em grupos ou de forma individual, mediante agendamento prévio que pode ser feito neste formulário.

Personagem da formação do bairro e das histórias dos moradores de São Miguel Paulista, o local faz parte, ainda hoje, da vida da comunidade local. “É muito procurado para batizados”, diz a coordenadora cultural. Os ritos ocorrem em uma pia batismal do século 17 feita em madeira. Além de batizados e casamentos, uma missa semanal que costuma encher o espaço é celebrada aos sábados, às 18h.

História e reformas

Marco da colonização, a capela foi fundada pelo missionário jesuíta José de Anchieta para a evangelização dos indígenas guaianases. Sua história está intimamente ligada à história de São Paulo.

“Com a vinda de alguns desses indígenas para a região de São Miguel, que se encontraram com o padre José de Anchieta, eles resolveram fazer uma capela como símbolo religioso e de proteção, porque ali fica o rio Tietê e eles poderiam ver quando os tamoios poderiam vir e atacá-los”, explica.

Há 80 anos, o local se tornou um dos primeiros bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Depois de reconstruída em 1622, a capela passou pela primeira restauração em 1940. A última ocorreu entre os anos de 2006 e 2010 e foi marcada pela recuperação de elementos artísticos e ornamentais.

Entre esses elementos, que podem ser observados na visita ao museu, estão um conjunto de pinturas murais de mão de obra indígena encontradas atrás de altares laterais. Consideradas pela Capela exemplares únicos da arte jesuítica e do período colonial paulista, as pinturas retratam elementos como o Sol e a Lua e chamam atenção por seu estado de conservação.

 

Serviço

 

Capela de São Miguel Arcanjo

Local: Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, 10 – São Miguel Paulista
Visitas guiadas ao museu: de terça a sábado, das 10h às 16h (com agendamento prévio)
Ingressos: R$ 5 (público em geral) ou R$ 2,50 (estudantes e professores da rede privada de ensino), com gratuidade para idosos; crianças até sete anos de idade; pessoas com deficiência; agentes de pastoral; estudantes e professores da rede pública de ensino e policiais militares, civis e da polícia técnico-científica.

Raisa Toledo