21 setembro 2023 em Assistência Social, Direitos Humanos E Cidadania
Rede municipal tem cinco centros de acolhimento específicos para esse público
A cidade de São Paulo acolheu 4.640 imigrantes na rede socioassistencial da Prefeitura no primeiro semestre deste ano, um aumento de 60% em relação ao mesmo período de 2022. Os números são da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads).
Melhores condições de renda, trabalho, saúde, educação e o medo da violência estão entre os motivos para sair do país de origem e tentar uma nova história, segundo relatos dos imigrantes acolhidos.
A capital tem atualmente cinco centros de acolhimento específicos para imigrantes, com 832 vagas. Além desses equipamentos, os atendidos podem ser direcionados aos demais centros de acolhida do município. Os encaminhamentos são realizados pelos Centros de Referência de Assistência Social, Centros de Referência Especializados de Assistência Social e Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua.
A maioria dos acolhidos nos primeiros seis meses deste ano é de nacionalidade angolana (1.084). Nesse período, o Centro de Acolhida Especial (CAE) para Famílias realizou o maior número de acolhimentos (688). Na sequência, aparecem o Centro de Acolhida (CA) – Scalabriniana, com 451; o CA Casa de Assis, com 330; o CTA São Mateus, com 294; e o CAE – Palotinas, com 195 acolhimentos.
O perfil dos imigrantes acolhidos na rede socioassistencial é de uma pessoa do gênero masculino, raça/cor preta, na faixa etária de 30 a 59 anos. Contudo, a Smads ressalta que “os serviços atendem a pessoas de todos os gêneros, raças e faixas etárias”. Não há um prazo limite para permanência nos serviços de acolhimento da rede socioassistencial.
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A Coordenação de Políticas para Imigrantes e Promoção do Trabalho Decente da Secretaria Municipal de Direito Humanos e Cidadania tem um equipamento especializado para atender esse público: o Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI Oriana Jara), na região central. Ele também funciona de forma itinerante em uma unidade móvel.
De 2 de janeiro a 30 de junho, o centro registrou 3. 926 atendimentos. A maioria, 3.140, para regularização migratória.
Além do CRAI e dos centros de acolhimentos, a população imigrante pode acessar os outros equipamentos de direitos humanos e de assistência social do município para atendimento.
Histórias
E.F., de 31 anos, desembarcou no Brasil em abril deste ano. Sem emprego fixo na Angola, enfrentava problemas financeiros. Conta que um mês de trabalho lá dava apenas para comprar um saco de arroz. “A situação política de Angola está muito ruim”, diz.
Denúncias de corrupção, perseguição política, repressão policial e adiamento das eleições autárquicas, somadas à desvalorização da moeda, alta da inflação e o desemprego, marcam um cenário de instabilidade política e econômica no país africano governado por João Lourenço.
E.F está acolhido desde abril numa casa para imigrantes da rede socioassistencial do município. “Mil vezes viver aqui do que na Angola neste momento”, afirma. Com o auxílio do equipamento socioassistencial, o angolano conseguiu emprego numa loja de pet shop. O sonho dele é poder trazer para São Paulo a esposa, grávida de sete meses.
Dói para L.K, de 27 anos, não levar o filho de 5 anos para escola ou para jogar futebol, conta. O filho ficou na Angola. Ele precisou vir para o Brasil após um conflito com o ex-patrão. Estava sendo ameaçado de morte, diz. Em São Paulo, L.K. atualizou a carteira de vacinação, recebeu um cartão SUS no centro de acolhida e está estudando.