20 novembro 2023 em Saúde

Saiba o que é a esporotricose, doença com mais de 2 mil casos registrados este ano em São Paulo

O aumento dos casos de esporotricose, uma micose que provoca lesões na pele, tem preocupado tutores e ONGs de resgate de cães e gatos. Segundo a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) do município, até o dia 10 de outubro deste ano, 2.804 cães e gatos foram diagnosticados com a doença. Nos 12 meses de 2022 foram 2.412 casos.

A Prefeitura de São Paulo reforçou recentemente a divulgação de informativos para conscientizar as pessoas sobre os perigos em torno da doença, que não é grave em humanos, mas pode ser fatal para os felinos, transmissores mais eficazes que os cachorros.

Ela é causada por fungos do tipo Sporothrix sp e pode ser transmitida pelo contato com outros animais doentes ou com solo e vegetação contaminados.

Os fungos do Complexo Sporothrix não são capazes de penetrar a pele intacta, então, a infecção ocorre através de pequenos cortes, arranhões ou mordidas, que permitem que ele atinja camadas cutâneas mais profundas.

As arranhaduras e as mordeduras são as formas de transmissão mais comuns entre os gatos. Ela é favorecida pelo comportamento de disputas por territórios e pelos hábitos de auto-higienização desses animais, que pode levá-los a contaminarem a mucosa bucal e as garras com o fungo presente nas lesões.

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Principais sintomas

 

  • Feridas na pele que não cicatrizam e podem ser acompanhadas de pus;

  • Aumento do tamanho do focinho;

  • Espirros com secreção;

  • Dificuldade para respirar;

  • Perda de peso.

Caso o tutor identifique esses sinais clínicos, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) recomenda levar o animal para avaliação em um serviço veterinário. A doença é grave, mas tem cura quando diagnosticada em fase inicial.

A notificação da esporotricose em animais é obrigatória no município de São Paulo, conforme a Portaria nº 470/2020. A medida é importante porque muitos casos são identificados em ações de busca ativa que partem de um caso notificado, o que permite a detecção precoce em pessoas.

Em humanos, a doença pode se manifestar como uma pequena lesão de difícil cicatrização, podendo evoluir. Em caso de suspeita, é recomendado procurar atendimento médico. Na capital foi estabelecido um protocolo com as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para atendimento específico de pessoas com suspeita da doença.

 

Diagnóstico e tratamento

 

O diagnóstico é feito a partir de um exame citológico de células coletadas de uma lesão. Por meio do Centro de Controle de Zoonozes (CCZ) e das Unidades de Vigilância em Saúde (Uvis), a SMS oferece atendimento gratuito para casos de esporotricose, além de coleta do material para diagnóstico e medicação para pets.

Em animais, o tratamento é realizado com antifúngicos via oral, com necessidade de acompanhamento periódico por veterinário. A medicação é fornecida gratuitamente pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica. O tratamento deve ser ininterrupto. Os animais são acompanhados durante todo o período do tratamento.

O medicamento deve ser administrado em alimento palatável de consistência pastosa (patês ou ração úmida, por exemplo), para evitar a manipulação e risco de infecção dos tratadores no momento de medicar. Em caso de reinfecção ou recidiva da doença, é preciso reavaliar o animal e reiniciar a medicação.

 

Como prevenir?

 

A maneira mais eficaz é evitar que os gatos entrem em contato com o ambiente contaminado. Não é indicado que eles tenham acesso à rua, pois podem se infectar ao caminhar em um solo que tenha o fungo e transportá-lo em suas patas e garras para dentro de casa.

Os gatos contaminados devem ficar dentro de casa para diminuir a chance de serem transmissores. É preciso redobrar os cuidados com a limpeza: o ambiente onde o felino costuma ficar deve ser limpo pelo menos duas vezes por dia, com água sanitária diluída em água.

A cama do animal, assim como os panos e caixinha de areia também precisam ser higienizados. A pessoa que tiver contato com esses objetos deve usar luvas e máscara para evitar se infectar com o fungo.

A Prefeitura considera que a castração, oferecida de forma gratuita, também é uma medida de prevenção, pois pode ajudar a limitar o comportamento de circulação dos animais para além dos domicílios.