7 julho 2025 em Urbanismo
Postes ornamentais recebem manutenção com uso de tecnologia 3D e técnicas artesanais
Para preservar o patrimônio histórico do Centro da cidade, estão em curso obras de restauração de postes ornamentais instalados originalmente no início do século 20.
Vinte equipamentos localizados na Praça da República e no Largo do Arouche passam atualmente por manutenção. Entre os processos adotados está o uso de tecnologia 3D para a confecção de peças que precisam ser repostas. Desde 2018, já foram restauradas 711 estruturas similares, segundo a Prefeitura.
A recuperação envolve etapas com atuação de equipes especializadas em análise estrutural, mecânica, elétrica, solda, pintura e fabricação de peças. O processo começa com o lixamento do poste para remoção da tinta antiga. Depois, é aplicada uma camada de zarcão, material anticorrosivo que protege contra ferrugem. Por fim, o acabamento é feito com pintura preta de esmalte sintético, com brilho leve.
Peças como globos, soquetes e cabeamentos são industrializadas e compradas no mercado. Já partes em ferro fundido exigem outro método: uma amostra é retirada, escaneada em 3D e usada na produção de moldes de madeira, necessários para fundir novas peças.
Foto: Divulgação/Secom
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Quero receber!Os postes restaurados estão espalhados por pontos simbólicos da cidade, como o entorno do Museu do Ipiranga, Viaduto Santa Ifigênia, Rua Brigadeiro Tobias, Avenida Prestes Maia e Praça Pedro Lessa.
Instalados a partir de 1907 no triângulo histórico, os postes tinham inicialmente 24 modelos distintos. Hoje, o centro de São Paulo conta com 1716 postes de oito estilos diferentes. A manutenção é feita pela Ilumina SP, da SP Regula, órgão responsável pela fiscalização e gestão dos contratos de concessão da rede de iluminação pública.
Dois tipos de poste se destacam no Centro: os exclusivos do Theatro Municipal, feitos pelo Liceu de Artes e Ofício com patrocínio da Light, e os do Pateo do Collegio, movidos a gás natural, instalados pela antiga San Paulo Gas Company (atual Comgás) no século 19.
Lampiões a gás do Pateo do Collegio
O Pateo do Collegio conta atualmente com 38 lampiões a gás, instalados nas áreas internas e externas, todos com estilo clássico inspirado nos modelos do século 19. O acendimento é automático, por fotocélula, que libera o gás com a queda da luminosidade e desliga o sistema ao amanhecer.
A iluminação a gás faz parte da história paulistana desde 1873, ano em que os primeiros lampiões começaram a ser instalados. Na época, o acendimento era manual e chegou a haver cerca de 700 postes a gás na cidade. O último deles foi desativado em 1936.
Em 2023, uma parceria entre a Subprefeitura Sé e a Comgás reforçou o compromisso com a preservação desses marcos históricos, garantindo a manutenção dos lampiões a gás do Pateo.
Postes do Theatro Municipal
Na inauguração do Theatro Municipal, em 1911, a Light projetou postes ornamentais exclusivos para valorizar a nova construção. As peças foram inicialmente talhadas em madeira por Afonso Adinolfi e depois fundidas em ferro e bronze, tornando-se referência na cidade.
O sucesso dos postes reforçou o prestígio da empresa, que mais tarde se tornaria responsável oficial pelo fornecimento de energia elétrica na capital até 1981. Hoje, a manutenção desses postes também é feita pela SP Regula, que cuida da limpeza e conservação periódica das estruturas.