“Quem procura acha, e quem acha trata”, diz o oncologista Fernando Maluf, um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer. “Quanto menor o tumor, mais curável ele é e menores são os efeitos colaterais”
A medicina tem feito grandes avanços em relação ao câncer de próstata nos últimos 10 a 15 anos. Essas informações são importantes, especialmente considerando o universo de homens que podem ser diagnosticados com o tumor: segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar quase 69 mil casos da doença em 2019, o que representa mais de 10% de todos os tumores por ano no País. “No curso da vida de cada seis brasileiros, um vai apresentar a doença. São mais de 2 milhões de casos por ano ao redor do mundo”, afirma Maluf.
O oncologista explica que o câncer de próstata é uma doença que acomete predominantemente homens acima de 50 anos de idade, particularmente depois dos 60 anos de idade, mas há exceções: quem tem histórico familiar (pais, irmãos), negros e homens com síndrome genética. De forma geral, os homens devem fazer exames anualmente com urologista a partir dos 50 – nos casos das exceções, esse rastreamento anual deve ter início aos 40 ou 45 anos.
Quando os sintomas aparecem, é sinal de que a doença é mais preocupante. Por isso, é essencial fazer o rastreamento e encontrar o tumor ainda pequeno, confinado à glândula e altamente curável
Fernando Maluf, oncologista
Boa notícia
Os avanços da medicina trazem novas formas de tratamento, a possibilidade de seguir com segurança sem ser tratado e novas alternativas para quem tem doença avançada.
A cada 10 pacientes com câncer de próstata localizado, 3 a 4 não vão precisar de trata – mento imediato – é a chamada observação vigilante. “São tumores geralmente pequenos, relativamente indolentes, com PSA baixo. Podemos observar com segurança esses pacientes durante a vida e talvez eles nem precisem ser tratados. No futuro, se for necessário, eles poderão receber os cuidados sem prejudicar as chances de cura”, explica Maluf.
Para os que farão tratamento, os tradicionais são a cirurgia e a radioterapia, que também tiveram avanços, com a cirurgia assistida por robô e a radioterapia com intensidade modulada de feixe. Uma opção que vem ganhando espaço é o Hifu (High Frequency Ultrassound). Trata-se de uma terapia baseada em som de alta frequência, com a introdução de ultrassom transretal que emite ondas em um ponto focal único onde ocorre um aumento da temperatura e um choque que mata as células.
Maluf acrescenta ainda que nos casos avançados há novas formas de quimioterapias e de terapias hormonais e até drogas que emitem radiação para metástases ósseas. “Em uma das modalidades um medicamento com radiação se liga à proteína específica do câncer e dá resultados interessantes a curto e médio prazo. Avançamos de modo importante para melhor controle, boas respostas e maior longevidade numa doença que, até 10 ou 15 anos atrás, contava com poucas alternativas quando era mais avançada.”
EFEITOS COLATERAIS
Costumam provocar mais preocupação nos pacientes a impotência sexual e a incontinência urinária. O oncologista Fernando Maluf afirma que tanto a cirurgia quanto a radioterapia podem causar impotência sexual: nesse caso, os dados indicam que a cirurgia tem efeitos um pouco maiores do que a radioterapia e variam de 20% a 60%. Ele explica que essa grande variação nos índices se deve especialmente à idade em que o tumor costuma se desenvolver, principalmente acima de 50 anos, ou seja, pode acometer homens que já têm grau de impotência independentemente de cirurgia ou radioterapia, e que talvez já tenham hipertensão ou diabetes, sob o risco de levar à impotência. Quanto à incontinência urinária, os casos em que a cirurgia provoca esse efeito colateral persistentemente acontecem em menos de 7% a 10% dos pacientes. “A radioterapia não causa incontinência, mas pode provocar inflamação tanto do reto, que está atrás da próstata, quanto na bexiga, que fica na frente. Mas com a modernidade da radioterapia, a chance de inflamações graves é só de 3% a 5%”, conclui o médico.
PREVENÇÃO PRECISA SER DIVULGADA, DIZ ESTUDO
Pesquisa do movimento Todos Juntos Contra o Câncer e da HSR Health revela que 85% dos homens brasileiros citam a prevenção do câncer de próstata como um tema a ser mais divulgado. O levantamento ouviu 500 pessoas, de 18 a 65 anos, de todas as classes sociais. Veja os principais resultados.
RISCOS
81% da população acha que o histórico familiar é a principal condição relacionada ao câncer de próstata. Apesar de o histórico ser de fato um fator de risco, o mais importante é a idade.
MORTALIDADE
As pessoas têm a percepção de que o câncer de mama faz mais vítimas (61%) quando comparado ao câncer de próstata (39%). Não é assim. Em 2017, foram registradas 16.927 mortes por câncer de mama (52%) e 15.391 por câncer de próstata (48%).
DIETA E SEDENTARISMO
Na pesquisa, surgem dúvidas sobre alimentação inadequada. Sim, a dieta é importante. “Sabemos que são fatores de risco a obesidade, o sedentarismo e dietas ricas em gordura, com quantidade importante de carne vermelha e carboidrato”, afirma o oncologista Fernando Maluf.
Fonte: Fernando Maluf, oncologista e um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer