No mês de prevenção ao câncer de mama, conheça mitos e verdades sobre a doença (e saiba que a informação é a melhor arma contra o medo)
MITOS E VERDADES
A mamografia é para mulheres velhas
MITO: a mamografia no Brasil é lei e deve começar a ser feita, anualmente, a partir dos 40 anos. Mulheres com histórico familiar de câncer de mama e/ou ovários precisam iniciar a prevenção antes. A idade certa é definida pelo médico.
Se o resultado da mamografia estiver alterado, a paciente tem câncer de mama
MITO: qualquer mudança deve ser vista com atenção, seja na mamografia, seja durante o autoexame das mamas, seja nas consultas de rotina. A anormalidade, contudo, pode indicar cistos, nódulos e calcificações, e não necessariamente um tumor. O ideal é procurar um mastologista para esclarecimento e acompanhamento.
Existem tipos diferentes de câncer de mama
VERDADE: a medicina consegue identificar diferentes tipos de câncer de mama e os tratamentos são cada vez mais específicos. Com os novos conhecimentos sobre o perfil biológico de cada tumor e seu comportamento, é possível adequar melhor a quimioterapia, a radioterapia, a hormonioterapia e a cirurgia.
A mamografia também detecta lesões menores na mama
VERDADE: a mamografia é um exame eficaz para detectar lesões iniciais e não palpáveis. Essas lesões são classificadas de acordo com o risco de, algum dia, evoluir para o câncer. O tratamento deve ser definido por um mastologista.
A mulher que retira o tumor perde a mama
MITO: a cirurgia de retirada do tumor ou de toda a mama faz parte do tratamento contra o câncer, mas a reconstrução pode e deve ser feita. Atualmente, a tendência é preservar a maior parte da mama, sempre respeitando a segurança oncológica da paciente. A reconstrução ocorre na sequência do procedimento cirúrgico da retirada do tumor.
A melhor prevenção é a mamografia
VERDADE: mulheres que não apresentam fatores de risco adicionais (história de vários casos de câncer de mama ou de ovário em parentes próximas, mutação nos genes BRCA1 ou BRCA2, entre outros) devem fazer uma mamografia por ano a partir dos 40 anos de idade.
O ultrassom não substitui a mamografia
VERDADE: em nenhum lugar do mundo o ultrassom é indicado como substituto da mamografia. No entanto, ele pode ser complementar, sobretudo para examinar com cuidado uma lesão duvidosa existente em determinada área da mama.
Cuidar da alimentação e do bem-estar físico faz diferença
VERDADE: estima-se que por meio da alimentação e da atividade física seja possível reduzir em até 28% o risco de a mulher ter câncer de mama, segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Tente colocar os exercícios em sua rotina (30 minutos diários de caminhada, por exemplo).
Cisto mamário está relacionado a câncer
MITO: na grande maioria dos casos, o cisto mamário é uma lesão completamente benigna que consiste num acúmulo de líquido sem maior significado dentro da mama. Não passa de uma bolha de água que pode ser esvaziada com agulha. No entanto, se existir uma parte sólida crescendo dentro dessa bolha (o que não costuma ocorrer com frequência) o risco aumenta.
Câncer de mama avançado não é sinônimo de morte
VERDADE: não raro as pessoas associam câncer de mama metastástico (que se espalha para outras parte do corpo) com o fim da vida. Na verdade, os avanços oncológicos dos últimos anos aumentam muito a sobrevida das pacientes e oferecem menos efeitos adversos.
O maior fator de risco é um defeito genético
VERDADE: embora não existam fatores que expliquem o câncer de mama, alguns elementos estão associados a riscos moderados (menstruar pela primeira vez antes dos 12 anos e ter histórico na família, mesmo sem mutação genética) e altos (apresentar defeito genético raro em dois genes, que recebem os nomes de BRCA1 e BRCA2, é o mais importante; a idade avançada também pede atenção).
A obesidade é um fator de risco
VERDADE: controlar o peso corporal para evitar a obesidade é de suma importância, pois as mulheres que ganham peso excessivo na vida adulta e chegam obesas à menopausa têm risco de 1,5 a 2 vezes maior de desenvolver a doença.
O primeiro sintoma é um nódulo endurecido
VERDADE: o primeiro sinal de que há algo errado com a saúde dos seios é a presença de um nódulo único, não doloroso e endurecido na mama. Como é indolor, essa irregularidade costuma ser descoberta somente durante a mamografia. Quem faz mamografia regularmente costuma receber o diagnóstico antes, aumentando a possibilidade de cura.
Não há outros sintomas evidentes
MITO:muitos outros sintomas, porém, devem ser considerados, como deformidade e/ou aumento da mama, retração da pele ou do mamilo, gânglios axilares aumentados, vermelhidão, edema, dor e presença de líquido nos mamilos mesmo sem apertar. Em casos mais raros, pode haver nódulos em linfonodos de uma das axilas, endurecimento localizado na mama ou aumento do volume mamário.
A maioria dos tumores é benigna
VERDADE: é importante saber que a maioria dos tumores é benigna e que o tamanho do tumor está diretamente ligado aos índices de cura. Por isso, o diagnóstico deve ser feito o quanto antes.
FONTES: HOSPITAL 9 DE JULHO E INSTITUTO VENCER O CÂNCER
Por que o outubro é rosa?
Tudo começou nos Estados Unidos, durante os anos 1990, quando o Congresso Norte-Americano aprovou que outubro se tornasse o mês nacional (norte-americano) de prevenção do câncer de mama. Então, a Fundação Susan G. Komen for the Cure realizou a sua primeira Corrida pela Cura e distribuiu laços rosas, que se tornaram o símbolo da causa e, com o tempo, a tradição ganhou o mundo.
NÚMEROS
- Mais de 59 mil mulheres recebem o diagnóstico de câncer de mama todos os anos
- O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres brasileiras depois do de pele
- 75% das diagnosticadas têm mais de 50 anos, e 30% delas terão metástase
A VIDA DEPOIS DO DIAGNÓSTICO
Há vida depois do diagnóstico. O câncer ainda é muito associado à morte, e até falar a palavra dá medo – mesmo num cenário de constantes avanços para aumentar o tempo e a qualidade de vida. A verdade é que desinformação e informações erradas só atrapalham. Uma pesquisa realizada pela Pfizer em parceria com a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica mostra que 54% das pacientes acreditam que o câncer de mama foi desencadeado por causa de mágoa ou castigo.
Luciana Holtz, psicóloga e oncologista, preside a ONG Oncoguia, que leva conhecimento a pacientes e familiares. “Existe ainda esse estigma de que o câncer mata. A nossa bandeira principal é fazer de tudo para mudar isso. Há pessoas com medo de se cuidar. Há pacientes com medo da informação. Há amigos e familiares que abandonam por não saber lidar. A falta de informação aumenta o medo.”
Pacientes que já passaram por tratamentos garantem que há vida além do câncer.
“Não é questão de atrair, é questão de estar preparado. Falta muita informação, não dá para ser leigo em relação à saúde, porque ela só depende de você. É importante ir atrás, saber das opções de tratamentos, as chances, tudo”
Vanessa Costa, em tratamento desde 2013*“Sempre procurei algo de bom. Eu tenho três filhos, e nunca havia conseguido ficar em casa com os dois mais velhos após a licença-maternidade, já com o mais novo, eu consigo dar mais atenção. A gente não pode só tirar coisa ruim do câncer, eu fiz amizades maravilhosas”
Vanessa Costa, em tratamento desde 2013“Ninguém falou que é fácil, mas ninguém disse que é impossível. Você vai continuar levando sua vida, você pode ter alguma limitação, mas é possível”
Vanessa Costa, em tratamento desde 2013
Vanessa mantém, no Facebook, o Diário Oncológico por Vanessa Costa
O oncologista Sergio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, diz que hoje o câncer já pode ser considerado pela comunidade médica como uma doença crônica. “Há algumas semanas eu comemorei bodas de prata com uma paciente minha: ela trata o câncer de mama há 25 anos, e está bem”, contou.
“Hoje o câncer já pode ser considerado pela comunidade médica como uma doença crônica”
Sergio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica“[No tratamento oncológico moderno] o foco não deve ser apenas o câncer, mas a qualidade de vida da pessoa que está com câncer”
Sergio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
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- Em www.vencerocancer.org.br, a programação especial do Instituto Vencer o Câncer para este mês
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