A desinformação circula todos os dias nas redes sociais e no WhatsApp. Por isso, é importante criar o hábito de checar o que você recebe antes de repassar
Com reportagem de Jullie Pereira, especial para o Estadão
Você recebeu uma mensagem alarmante que te faz querer compartilhá-la imediatamente? É necessário ter cuidado. Buscar respostas para as cinco perguntas a seguir pode ajudar a evitar enganos.
Entendo a desinformação como um processo, que forma opiniões e convicções ao longo de um tempo, usando até informações verdadeiras, ainda que muitas vezes descontextualizadas (Sérgio Lüdtke, editor do Projeto Comprova, coalizão formada por 33 veículos de imprensa para combater desinformação)
1. Quem escreveu isso?
Primeiro, é importante questionar quem está por trás de um conteúdo. Se é uma pessoa desconhecida, desconfie.
A mensagem que você recebeu foi publicada em um site? Olhe o endereço: é um site confiável, de um veículo de imprensa, órgão de governo ou instituição acadêmica? O texto que você leu tem assinatura? Textos escritos com letras maiúsculas, erros gramaticais excessivos ou pontos de exclamação merecem ser vistos com cuidado.
Se estiver em dúvida, pesquise sobre o autor desse conteúdo, ou analise seu perfil nas redes sociais. Essa pessoa é conhecida por espalhar conteúdo desinformativo ou hiperpartidário?
2. Qual o contexto?
Toda informação tem contexto. Provavelmente a história da mensagem que você recebeu é maior do que a que aparece no WhatsApp. Por isso, se você recebeu um conteúdo duvidoso, faça mais pesquisas sobre o assunto.
Qual tem sido a cobertura jornalística em torno do tema? O que dizem órgãos sanitários, pesquisadores e especialistas?
3. Qual a intenção?
A partir da leitura e da reflexão, busque entender qual o objetivo da mensagem. Esse conteúdo te causa sentimentos de raiva, medo ou indignação? Muitas vezes, produtores de desinformação buscam mexer com sua reação emocional, para colocar você contra alguém, um grupo ou até uma ideia.
Veja se a mensagem ou o link se utiliza de linguagem sensacionalista, que apela para as emoções ou com muitos adjetivos. Pedidos de compartilhamento, o famoso “repasse sem dó”, também devem acender um alerta.
4. Essa mensagem tem alguma evidência como base?
Pergunte-se quais as evidências que baseiam a mensagem que você recebeu. Quais as fontes citadas? Um órgão governamental, um departamento de polícia, uma instituição acadêmica? Os números que aparecem na mensagem foram tirados de portais da transparência públicos, de uma pesquisa de opinião ou de um estudo científico? Procure o site oficial das fontes mencionadas: eles corroboram o que está dito na mensagem?
Se o texto for vago, sem indicação de fontes confiáveis, data e local, desconfie.
5. Essa mensagem foi publicada em outro lugar?
Procure checar se a informação que você recebeu foi publicada em outros espaços da internet. Se viu o conteúdo duvidoso no WhatsApp, por exemplo, veja se a mesma alegação foi publicada em jornais. Caso você tenha lido em site, verifique se existe alguma publicação sobre isso em perfis de órgãos governamentais.
Para Sérgio Lüdtke, do Comprova, ao mesmo tempo em que é necessário desconfiar de conteúdos que você recebe nas redes sociais, é importante saber em quais fontes você pode depositar sua confiança. Ele indica que as fontes seguras devem ser “potencializadas”. “Alguma dose de descrença é saudável, mas há limites e riscos em apelar à desconfiança. Melhor seria potencializar a confiança em fontes seguras, certificar a qualificação de alguma maneira”, explica.
Caso você ainda esteja em dúvida, muitos sites de fact checking têm canais no WhatsApp para receber denúncias de links, textos, imagens, vídeos e áudios suspeitos. A equipe do Estadão Verifica, por exemplo, recebe pedidos de checagens pelo WhatsApp: (11) 97683-7490.