O transporte público é o local em que 52% das mulheres de São Paulo mais temem sofrer algum tipo de assédio. O número vai a 61% entre as paulistanas de 45 a 59 anos e aquelas com ensino médio. Os dados estão na 5ª edição da pesquisa Viver em São Paulo: Mulheres, apresentada na quinta, 3 de março, pela Rede Nossa São Paulo.
O levantamento foi feito em parceria com o Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec). É o 4º ano consecutivo que ônibus, trem e metrô ficam no topo da lista dos mais perigosos na avaliação das passageiras.
Considerando as regiões da cidade, a percepção sobre o risco de sofrer assédio no ônibus, metrô ou vagões de trem é maior entre as passageiras da zona sul (59%), enquanto um quarto das que vivem na zona norte se preocupam mais com as ruas (25%). No centro, a maior parcela acredita que há mais risco em bares e casas noturnas (17%).
Keli Rodrigues, coordenadora da Casa Viviane dos Santos — um centro de referência no atendimento especializado a mulheres vítimas de violência, em Guaianases, afirma que faltam investimentos para garantir a segurança das mulheres nos coletivos. “O transporte público é um reflexo da sociedade extremamente machista e violenta que vivemos. Embora a gente já tenha avançado em políticas públicas para as mulheres, vivemos um período sem investimento e de extrema insegurança para todos, sobretudo para elas”, diz.
Como denunciar assédio no transporte público Ônibus municipais: a vítima deve avisar o motorista ou o cobrador. Segundo a SPTrans, os funcionários são treinados para parar o veículo e esperar a chegada da polícia ou conduzir a vítima até a delegacia mais próxima para o registro do boletim de ocorrência. Metrô: a vítima pode enviar uma mensagem para o SMS-Denúncia informando o local da ocorrência e a descrição do agressor para que os agentes de segurança mais próximos da estação onde ocorreu o crime possam localizá-lo. O número é 11 97333-2252. Trem: a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanas) também disponibiliza o número de telefone 11 97150-4949 para a denúncia de ocorrências como assédio. As vítimas também podem recorrer aos funcionários presentes nas plataformas para denunciar.
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