O basquete entrou na vida de Mattheus Gama em 2014, quando amigos convencidos de seu potencial o estimularam a jogar. Agora, aos 25 anos e 1 metro e 92 centímetros, Mattheus é um educador social que promove a inclusão de crianças e jovens no esporte. Faz esse trabalho no quintal de casa, no bairro Liberdade, em Porto Velho, Rondônia.
Mattheus sempre foi muito ativo e fã de futebol. Mas a relação com o esporte ganharia contornos mais definidos ao encontrar um professor de educação física que o apresentou ao basquete. Samuel Johnson morreu um pouco antes de a pandemia de covid-19 ganhar corpo no Brasil. Até então, porém, foi uma espécie de mentor do aluno que, depois de muito jogar e estudar o esporte, decidiu compartilhar o que sabia.
A ideia brotou aos poucos, já no início do isolamento social e da quarentena. Primeiro, Mattheus viu sua sobrinha jogar e brincar no pátio de casa. “Ela já tinha interesse desde os 3 anos. Minha ideia principal era levá-la para ser ensinada pelo meu mentor, mas ele faleceu. Então decidi treiná-la”, diz.
Sem apoio financeiro, Mattheus improvisou uma quadra no quintal de casa. Juntou madeiras de compensado e um balde pendurado na pequena torre da caixa d’água fazia as vezes de aro. E assim começou a ensinar a sobrinha, Bruna Hadassa, hoje com 7 anos.
Uma postagem da tabela de basquete usada nos treinos viralizou nas redes sociais e muita gente resolveu contribuir para que uma estrutura melhor fosse montada no espaço e Mattheus pudesse treinar, além de Bruna, outras meninas e meninos da vizinhança. Nos muitos meses em que as crianças ficaram sem ir à escola por causa da pandemia, a escolinha de basquete no quintal dava um novo ânimo.
Toda a ajuda que chega é investida na escolinha. Os tênis que vieram de doações já não cabem mais nos pés das crianças, então é preciso conseguir outros. Toda ajuda que chega é investida no projeto, batizado de Brandões Basquete. De um lado, ele próprio inspira a meninada. Do outro, vem a reciprocidade dos alunos.
Depois de uma pausa para reforma e ajustes estratégicos e logísticos, porque as crianças voltaram para a escola neste ano e os horários tiveram de ser reorganizados, os treinos foram retomados em março.