Ao contrário dos adultos, o câncer infantil não está associado, na maioria dos casos, a fatores ambientais e não depende da exposição aos propagados elementos de risco, como tabagismo, radiação solar, álcool, obesidade e alimentação desregrada. Em geral, o câncer em crianças e adolescentes tem origem desconhecida. Atualmente, a doença representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
“Já sabemos que nestas fases da vida o tumor pode vir de alterações em células embrionárias primitivas e imaturas ou por predisposição genética, mas na maioria das vezes não conseguimos identificar a causa. Apesar disso, avançamos muito no tratamento de praticamente todos os tipos de câncer infantil, com índices extremamente positivos, como os das leucemias linfocíticas agudas, onde a taxa de cura chega a 86%”, explica a oncologista pediatra Cecília Maria Lima da Costa, líder do Núcleo de Oncologia Pediátrica do A. C. Camargo Cancer Center. Para a médica, além de seu papel fundamental em um eventual tratamento, pais e responsáveis devem ficar atentos a sintomas que são recorrentes, progressivos e não desaparecem com facilidade.
Recomendação aos pais
Portanto, sem causar pânico aos pediatras e familiares, recomenda- se atenção especial a quadros, como surgimento de nódulos ou caroços, palidez e falta de energia inexplicáveis, aparecimento de hematomas sem motivo, dor localizada persistente, febres sem aparente explicação e dores de cabeça frequentes, muitas vezes acompanhadas por vômitos.
Outros pontos de atenção são o aparecimento de características sexuais em crianças (pelos, aumento do pênis ou do clitóris), além de aumento de volume abdominal, mancar sem razão aparente, mudanças nos olhos ou na visão, perda de peso rápida e excessiva, dor abdominal prolongada e sangramentos frequentes (por nariz, ânus, vias urinárias).
Entre os tipos mais comuns de câncer em crianças e adolescentes a grande maioria são leucemias (sobretudo dos 2 aos 5 anos), tumores do sistema nervoso central e linfomas de Hodgkin e não Hodgkin, do sistema linfático.
Apesar de seguir as técnicas aplicadas em adultos (cirurgia, radioterapia e quimioterapia, combinadas ou não), o tratamento dos cânceres infanto-juvenis é específico e as respostas em sua maioria são muito mais rápidas. “Sabemos que pais e familiares ficam muito preocupados, pois seus filhos estão em pleno desenvolvimento, mas os avanços não param, com resultados cada vez mais promissores para essas crianças e adolescentes”, destaca a oncologista pediatra.
Consultoria: A. C. Camargo Cancer Center