Para comprar uma cesta básica (R$ 760), quem recebe salário mínimo (R$ 1.212) precisa trabalhar pelo menos 100 horas – quase 63% das horas trabalhadas ao longo de um mês
Quanto você gasta com itens essenciais para manter o seu padrão de vida? O quão caro é viver em determinada cidade? Saiba que é possível fazer essa análise através de um cálculo simples. O custo de vida é um indicador econômico que vem exatamente da soma dos itens que você consome regularmente no seu dia a dia, mostrando a variação nos preços de serviços, em produtos como os da cesta básica e avaliando a inflação.
A análise do custo de vida junto à média salarial de determinada região ou município pode ajudar a entender qual o poder de compra daquele local. Por exemplo, pode ser interessante morar em uma cidade em que o custo de vida seja um pouco mais alto, desde que os cidadãos também tenham salários melhores. Sendo assim, é importante fazer essa análise levando em conta outros indicadores econômicos e sociais.
Ao analisar o custo de vida, tente avaliar a média salarial do local e se a variação ao longo dos anos acompanha também o aumento ou a diminuição do preço dos produtos e serviços. Ou seja, observe se há correção salarial — e como ocorre, caso exista —de acordo com a inflação.
Trazendo para um exemplo atual: segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em julho de 2022 o valor médio da cesta básica era de R$ 760,45. Em paralelo a isso, o salário mínimo está em R$ 1.212 desde junho deste ano. Considerando que o empregado trabalhe 40 horas semanais, totalizando 160 horas mensais, o valor de sua hora de trabalho em relação ao salário mínimo é de R$ 7,50. Ou seja, para comprar uma cesta básica, essa pessoa precisa trabalhar pelo menos 100 horas - quase 63% das horas trabalhadas ao longo do mês.
IPCA e INPC — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também fazem uma pesquisa da variação dos preços baseada em uma cesta de produtos e serviços. Eles são índices muito populares quando falamos de inflação e são divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O INPC é voltado para famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. Já o IPCA é voltado para famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos e, portanto, engloba uma parcela maior da população.
Os itens que compõem essa cesta são definidos pela Pesquisa de Orçamentos Familiares, que também verifica quantos desses itens uma família costuma comprar, determinando o “peso” que ele tem dentro dos gastos mensais.
Esses índices não vão te dizer quantos reais você precisa para viver em determinada cidade, mas mostrarão qual tem sido a variação percentual dos preços ao longo de um período.
Comparando essa variação ao aumento ou não da sua renda, você pode saber se o seu poder de compra diminuiu, cresceu ou permaneceu o mesmo. Assim, é possível se ter uma noção sobre se o seu padrão de vida vai cair, se precisará gastar mais para mantê-lo etc..
Como é calculado o custo de vida? — Não existe regra para determinar quais produtos e serviços entrarão no cálculo, qual será a periodicidade, o estrato social, a fórmula, etc. Cada instituto que publica índices de custo de vida tem sua própria metodologia e critérios.
No Brasil, há uma variação considerável entre um município e outro. Esse fato é quase óbvio quando pensamos nas dimensões geográficas do país. Uma pesquisa realizada pela Mercer, e divulgada em 2021, analisou 17 cidades brasileiras e descobriu que o custo de vida pode ter uma variação de até 14% entre elas.
A média ponderada de cada cidade nas categorias analisadas é comparada com a média de São Paulo, cidade que serve como referência para a pesquisa.
No estudo da Mercer, o Rio de Janeiro apresenta um custo 4% maior do que São Paulo na categoria “refeição fora de casa”. Ou seja, é 4% mais caro comer fora do que na capital paulista. O Rio também tem um valor maior (11%) na categoria “cuidados pessoais, roupas e calçados”.
Nos serviços de utilidade pública (luz e telefone, por exemplo) a variação entre as cidades chega a 30%. Curitiba, no Paraná, é a mais cara. Na categoria “transporte” (preço de automóveis novos, gasolina, tarifa de táxi, seguro, transporte público, etc.), Porto Alegre é a cidade mais cara (6% acima do valor de São Paulo) e Campinas, a mais barata (2% abaixo do valor de São Paulo).
. Estamos em ano eleitoral e vamos eleger representantes a nível nacional que dialogam diretamente com questões relacionadas ao emprego e à renda mínima. No paralelo a isso, acompanhamos com atenção as movimentações do mercado, mantendo esperança em um 2023 melhor para os brasileiros.