Santos, no litoral paulista, é a cidade com o maior porcentual de mulheres do Brasil. Para cada grupo de 100 mulheres há 82 homens, de acordo com dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A cidade é uma dos poucos municípios com uma pasta dedicada exclusivamente às mulheres. A Secretaria da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos foi criada há pouco mais de um ano e é dirigida pela também vice-prefeita Renata Bravo. “Desenvolvemos políticas para as mulheres, mas elas alcançam também os filhos, maridos, companheiros. Santos sempre esteve na vanguarda na atenção às mulheres e pessoas idosas”, disse.
Dados da Fundação Seade coletados em 2020 já apontavam Santos como a cidade mais feminina do Estado de São Paulo. Elas eram 53,8% da população, enquanto a média estadual era de 51%.
O levantamento mostrou que até a faixa dos 24 anos, os homens eram 51%, mas a partir dos 25 a proporção se inverte e vai se distanciando com o aumento de idade, até porque a mulher santista vive em média seis anos a mais que o homem.
Santos possui a Casa Sigilosa para mulheres em situação de risco ou vítimas de violência. Uma parceria com empresas reserva, de forma sigilosa, vagas para essas mulheres. Pensando nesse público, a pasta instituiu o curso “Eu me Defendo” para autodefesa. “A gente mostra que, com o treinamento correto, qualquer mulher está apta a se prevenir e a se defender de uma tentativa de agressão”, disse a secretária. Em um ano, o curso recebeu 800 inscrições.
Foi criado ainda o aplicativo para celular SantosMulher, que reúne todos os serviços oferecidos às mulheres. “Inclui serviços de saúde, agenda cultural e de eventos. É muito útil para a gente se programar”, disse a recepcionista Maria Cecília Pontes, que baixou o aplicativo no celular.
Para o presidente da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp (AAFC), Hércules Leopoldo Cilli, de 78 anos, entre os 2,5 mil associados, as mulheres são as mais participativas. “Elas são muito atuantes, estão sempre em nossos almoços e eventos sociais, mas ajudam também nos projetos assistenciais.”
Os 81 anos da aposentada Margarida Beltrão não a impedem de frequentar bailes da terceira idade em espaços como as Vilas Criativas. São dez na cidade toda. “Eu me divirto e, quando não tem um velhinho disponível, danço com alguma colega”, contou a ex-professora. Ela conta que os netos fazem questão de levá-la a todos os lugares. “Mas eu dispenso ajuda, me viro bem sozinha”, disse.
A cidade, que já tem uma coordenadoria de políticas para a pessoa idosa e o conselho municipal do idoso, vai inaugurar no ano que vem a Casa da Mulher, espaço de acompanhamento de vítimas da violência. “O local oferecerá estímulos para que elas sigam em frente”, disse a secretária.