Confiança, localização, acolhimento. São muitos os pontos de atenção ao escolher uma nova escola. Se ela for bilíngue, os critérios são praticamente os mesmos.
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Ao escolher um colégio para as crianças, os pontos de atenção vão além de localização e preço. Para Neide Saisi, coordenadora do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, os pais ou responsáveis precisam sair de cada visita a uma dessas instituições sabendo qual é a concepção de criança que a escola tem. Veja todos os itens fundamentais dessa “busca” e que foram destacados pela especialista em entrevista ao Estadão.
E mais: a tendência das escolas bilíngues e a diferença entre esse método e os modelos internacionais.
CONFIANÇA
É preciso que os pais confiem na instituição de ensino. Afinal, a criança passará a ter uma rotina na escola. Além da confiança no conteúdo, devem saber que o filho está em segurança psicológica e física.
AUTOANÁLISE
Para decidir sobre qual escola adotar, recomenda-se que a família conheça a si própria. Algo como todo mundo no divã. Assim, fica mais fácil saber o que poderá ser interessante na educação da criança e descartar as opções que desagradam.
LINHAS PEDAGÓGICAS
Há escolas de diferentes abordagens e, portanto, diferentes métodos. Tradicional, construtivista e Waldorf são as mais comuns. Conhecer um pouco de cada uma pode ajudar a filtrar instituições.
DIVERSIDADE
Esse aspecto pode ter um peso muito grande na formação de uma criança. Há escolas que dão mais ou menos ênfase à diversidade, seja entre professores ou entre alunos.
DIREITO AO ÓCIO
Deixar um tempo livre para o aluno não é má ideia. No ensino integral, pode haver oportunidades para que ele escolha o que fazer no horário livre. Quer brincar, cochilar ou estudar? Isso tende a dar mais autonomia, já que ele está seguro na escola.
PREÇO
Uma mensalidade de valor incompatível com a renda familiar pode sacrificar investimentos em lazer que contemplem a criança, como cinema, brinquedos e viagens. O ideal é buscar uma composição equilibrada e realista.
LOCALIZAÇÃO
Em uma cidade grande e de trânsito complicado como São Paulo, a longa distância entre casa e escola pode provocar estresse, atrasos e até prejudicar o desempenho do aluno. De novo, a recomendação é buscar equilíbrio.
ESCOLA BILÍNGUE: UMA TENDÊNCIA
Sobre aprender em dois idiomas
Vitória tem 10 anos e ajudou a mãe a preencher um contrato de trabalho em inglês. Carolina, de 13 anos, atuar como tradutora de outras crianças nas viagens internacionais. Pedro, de 8 anos, já entende pequenas histórias em alemão. Os três estão matriculados em escolas bilíngues, uma modalidade que cresce ano a ano em um mundo cada dia mais globalizado. Em São Paulo, muitos colégios têm colocado aulas em português pela manhã e, à tarde, em um outro idioma.
Como não há uma regulamentação em âmbito nacional para esse tipo de ensino, as escolas costumam desenvolver as próprias metodologias, tendo como base o conteúdo obrigatório definido pelo Ministério da Educação (MEC).
Na Builders, onde estudam Vitória e Joaquim (de 8 anos), os alunos costumam ter aulas em português e, após o almoço, em inglês. O currículo é formatado para que o conteúdo não seja repetitivo nem enfadonho. A Stance Dual, em que Carolina é matriculada, oferece o ensino infantil e fundamental em um formato que todas as disciplinas são ensinadas nos dois idiomas.
Quanto antes melhor
A pouca idade pode ser uma vantagem para o aprendizado: se a criança iniciar os estudos em uma escola bilíngue mais cedo, menores serão suas dificuldades. Se o aluno vai mais velho, é importante garantir que a escola ofereça um programa de acompanhamento. “Não adianta receber o aluno e não apoiar seu percurso. Caso não ofereçam esse apoio, as famílias devem repensar o ingresso do aluno. É função da escola oferecer programas adequados para seu desenvolvimento”, afirma Antonieta Megale, coordenadora do curso de pós-graduação em Educação Bilíngue do Instituto Singularidades e doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Não se trata de apenas adicionar uma segunda língua ao repertório do aluno. Esse tipo de educação deve ter como questão central o desenvolvimento de práticas linguísticas complexas que abrangem múltiplos e, muitas vezes, diversificados contextos sociais e o professor precisa dominar tudo isso.”
Escolas internacionais
A escola bilíngue utiliza o segundo idioma para o aprendizado do currículo e de outras culturas. Não há a obrigatoriedade de os professores serem nativos no segundo idioma. No Brasil, o inglês é o idioma mais comum nas escolas dessa modalidade, mas também há colégios bilíngues que adotam o francês e o alemão, por exemplo.
Em colégios internacionais, o uso é praticamente exclusivo do idioma do país de origem. O calendário e a grade curricular são alinhados ao sistema educacional internacional e há uma atenção à formação dos estudantes para vivências e estudos no exterior. São muito procuradas por estrangeiros que estão no Brasil apenas por algum tempo e, por isso, não priorizam o aprendizado do português.
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