A greve conjunta de funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e da Companhia Paulista dos Trens Metropolitanos (CPTM) prejudica nesta terça-feira, 28, o funcionamento das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata do Metrô, e as linhas 7-Rubi, 10-Turquesa e 11-Coral, da CPTM.
Metrô
– Linha 1-Azul: operação parcial (entre Tiradentes e Ana Rosa);
– Linha 2- Verde: operação parcial (entre Alto do Ipiranga e Clínicas);
– Linha 3-Vermelha: operação parcial (entre Bresser e Santa Cecília);
– Linha 5-Prata: paralisada.
CPTM
– Linha 7-Rubi: operação parcial (entre Luz e Caieiras);
– Linha 10-Turquesa: paralisada;
– Linha 11-Coral: operação parcial (entre Luz e Guaianases);
– Linha 12-Safira: funcionamento integral (intervalo de 8 minutos);
– Linha 13-Jade: funcionamento integral (intervalo de 30 minutos).
As linhas 12-Safira e 13-Jade, anteriormente previstas na paralisação, entraram em operação integral pela manhã, embora com intervalos maiores. A Linha 11-Coral, por sua vez, funciona apenas entre Luz e Guaianases com intervalos maiores.
Linhas administradas pela iniciativa privada
Metrô
– Linha 4-Amarela: operação normal;
– Linha 5-Lilás: operação normal.
De trens metropolitanos
– Linha 8-Diamante: funcionamento integral (em algumas estações, os intervalos variam entre 6 e 12 minutos);
– Linha 9-Esmeralda: funcionamento integral (em algumas estações os intervalos chegam a 6 minutos).
Dificuldades
Ainda que tenha lido sobre a greve, a faxineira Leniria Pereira, de 61 anos, chegou a ir duas vezes até a estação Corinthians-Itaquera, na zona leste, para ver como estava a situação na manhã desta terça. “Tinha visto que pelo menos no horário de pico alguns trens do Metrô iam passar”, disse. Moradora de São Miguel Paulista, ela trabalha na Santa Cecília, na região central.
Ao chegar na estação, porém, foi informada que a linha da CPTM estava fazendo apenas o trajeto da estação Guaianases até a Luz. Decidiu não arriscar. “Vou descer na Luz e fazer o que?”, questionou. Logo após falar com a reportagem, ela tirava uma foto das portas do Metrô fechada para enviar para o empregador. “Ônibus hoje fica difícil, lota muito.”
A situação é parecida com a da cuidadora Eliene Alves, de 42. Vizinha da estação Itaquera, ela tinha que se deslocar até o Parque São Pedro, na zona sul, para trabalhar. Diante dos portões fechados, cogitava voltar para casa quando falou com a reportagem. “Se o trem da CPTM já chega lotado em dia normal, imagina hoje”, disse, encostada em um dos portões fechados do Metrô.
O auxiliar de infraestrutura Levy Reis, de 24, esperava encontrar uma situação melhor entre os ônibus na manhã desta terça. “Na greve de outubro gastei 5h para chegar ao trabalho, desta vez achei que fossem estar mais preparados”, disse ele, que trabalha na região da Barra Funda, na zona oeste.
Quando falou com a reportagem, pouco antes das 7 horas, Levy ainda não sabia como chegaria ao trabalho. Os olhos não saiam das filas de ônibus que se formavam do lado externo da estação. “Tenho alguns planos. Já avisei no trabalho e vou esperar para ver se consigo entrar em algum ônibus.”
Na zona sul de São Paulo, o movimento no Terminal Santo Amaro estava normal no início da manhã, segundo funcionários e passageiros. A reportagem não encontrou grandes filas ou aglomerações nos pontos de paradas de ônibus, cujos trajetos ligam a zona sul ao centro e a outras zonas da capital. Os veículos não saíam cheios do terminal.
As linhas 5-Lilás, do Metrô, e 9-Esmeralda, da CPTM, que fazem a conexão intermodal com o Terminal Santo Amaro, operam normalmente.
Pouco depois das 7 horas, a reportagem constatou que os vagões da Linha 5-Lilás chegavam cheios no sentido de Chácara Klabin, mas nada fora do normal.
Em razão da greve, passageiros como a copeira Maria do Rosário, que trabalha na Ana Rosa e normalmente utiliza a Linha 1-Azul, hoje com funcionamento parcial, optaram por utilizar as linhas em operação normal para chegar o mais próximo possível do trabalho e, então, terminarão o trajeto de ônibus.
“Eu consigo ir até a estação Santa Cruz pela Linha Lilás e de lá pegar um ônibus para terminar de chegar. Vou levar um pouco mais de tempo, mas até que não vai atrapalhar tanto”, diz Maria.
Já Rodrigo dos Santos, administrador, pretende pegar um carro por aplicativo na estação Mackenzie-Higienópolis, da Linha 4-Amarela, para chegar até a Barra Funda. “Normalmente, eu vou para a estação Conceição (Linha 1-Azul) e pego a Linha Vermelha na Sé, até a Barra Funda. Hoje, resolvi vir por Santo Amaro para pegar a Esmeralda até a Linha Amarela. Achei que ia estar lotado aqui, mas está bem tranquilo. Acho que muita gente ficou em casa ou está indo trabalhar de carro”, disse Rodrigo.
Rodízio de veículos
Por causa da paralisação, a Prefeitura de São Paulo suspendeu o rodízio nesta terça-feira e vai disponibilizar mais ônibus na capital enquanto as mobilizações estiverem em curso.
Outras restrições permanecem valendo
As restrições de Zona de Máxima Restrição à Circulação de Caminhões (ZMRC) e a Zona de Máxima Restrição ao Fretamento (ZMRF) permanecem, bem como as proibições de circulação de veículos nas faixas e corredores de ônibus. As vagas rotativas de Zona Azul também não sofrerão alterações.
Reforço na frota de ônibus
A frota de ônibus está reforçada com mais 200 veículos (passará de 11.934 para 12.134) que ajudarão no transporte da população. Os itinerários de algumas linhas que costumam ter estações de metrô e trem como pontos finais também serão ampliados com o objetivo de levar os passageiros para regiões centrais e mais próximas de locais onde há maior concentração de comércio e serviços.
Ponto facultativo
O governo de São Paulo determinou ponto facultativo em todos os serviços públicos estaduais da capital paulista. A Prefeitura de São Paulo fez o mesmo. Cirurgias, exames e consultas médicas poderão ser remarcadas. Já escolas e creches, serviços de saúde, assistência social e segurança não serão interrompidos.
Outras categorias também aderem ao movimento
A greve de metroviários e ferroviários inclui também funcionários da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), professores da rede estadual de ensino e profissionais de outros serviços, como Fundação Casa.
Os manifestantes convocaram o movimento como forma de protesto às medidas adotadas pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) de privatizar serviços como a Sabesp, e linhas do Metrô e da CPTM. As categorias também defendem que esse processo precisa ser feito por meio de um plebiscito e pedem para que o governo recontrate funcionários do Metrô demitidos por conta de paralisações anteriores.
Em comunicado divulgado na noite de segunda-feira, 27, o governo do Estado chamou a paralisação de “uma greve abusiva e política dos sindicatos de trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp”. O movimento, segundo o governo, deve deixar mais de 4,6 milhões de passageiros sem acesso ao transporte sobre trilhos e provocar perdas de mais de R$ 60 milhões ao comércio nesta terça-feira.
“Ao ignorarem a lei que rege o direito à greve, os sindicalistas tornam toda uma população refém de interesses políticos e corporativos. Em menos de dois meses, tal prática inescrupulosa já prejudicou milhões de pessoas tanto na greve do dia 3 de outubro como no feriado do dia 12 do último mês. E o mesmo acontecerá de novo nesta terça”, diz trecho do comunicado.
Na segunda-feira, a Justiça determinou que os metroviários e ferroviários trabalhem, respectivamente, com 80% e 85% do efetivo nos horários de pico, e com 60% nos demais períodos. Os funcionários da Sabesp também estão sendo ordenados, judicialmente, a não paralisar 100% das atividades e manter a operação de serviços essenciais durante toda terça.
Se as medidas forem descumpridas, os sindicatos de cada categoria estão sujeito a pagar uma multa de até R$ 700 mil.