Desde a invasão, o corpo da mulher indígena é alvo de violências. A história de colonização é baseada na morte, estupro, violências e violações do corpo da mulher indígena. E ainda hoje, ser mulher indígena perpassa por essas atrocidades. Todos os dias vemos nossas meninas sendo assassinadas, nossas anciãs sendo negligenciadas, e nossas jovens sendo sexualizadas.
Diante da necessidade, a ANMIGA (Articulação Nacional das Mulheres Indígenas guerreiras da Ancestralidade) promove, nesta semana, o encontro e oficinas para debater sobre violência de gênero dentro e fora dos territórios, em parceria com o Ministério das Mulheres e a Universidade de Brasília.
Dando continuidade à atividade de lançamento da cartilha sobre violência de gênero e com o diagnóstico da caravana das originárias, fez-se necessário a realização das oficinas.
Com o objetivo de analisar o contexto de violências que as Mulheres Indígenas sofrem; pensar formas de acolhimento, adequadas às realidades de cada um dos biomas e Povos envolvidos; debater e conceber orientações para espaços seguros de acolhimento das vítimas.
Devido à grande diversidade de povos indígenas do Brasil e à dificuldade logística dessas mulheres que são dos seis biomas (Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pampas e Pantanal), a ANMIGA promove esta oficina de forma online.
Nós, enquanto mulheres indígenas, além do preconceito da colonização, ainda perpassamos pelas questões de gênero, tanto pelo não indígena quanto pelos indígenas, e saber que podemos ser acolhidas e ter apoio é o que cabe a essa rede.
Essas violências estão em todos os lugares, nas escolas, nas universidades, nas aldeias, nas cidades e na internet, e em todas as faixas etárias.
Isso é para dizer que não queremos ser estatísticas do feminicídio, e lutamos pelas memórias das que já se foram, por Maria Clara Karipuna, 15 anos; Raissa Guarani Kayowá, 11 anos; e Daiane Kaingang, 14 anos.
Lutaremos pelas meninas e mulheres indígenas que ainda estão por vir, para que possamos viver e ter um futuro digno.
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