O pagamento do décimo terceiro salário deve injetar na economia brasileira mais de R$ 200 bilhões. O prazo para o depósito da primeira parcela termina hoje. Já sabe o que fazer com a sua parte? Separamos recomendações de especialistas para não se afobar e usar melhor o dinheiro.
40% da população adulta do Brasil estava inadimplente em setembro
17% dos trabalhadores pretendem usar o 13º para pagar dívidas
FONTE: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE DIRIGENTES LOJISTAS
O pagamento do décimo terceiro salário deve injetar na economia brasileira mais de R$ 200 bilhões e cerca de 80 milhões de pessoas receberão a remuneração. A previsão é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese. Muitos brasileiros enxergam aí a oportunidade de renegociar o que devem. Estão certos.
Para Fábio Gallo, professor de Finanças da FGV, o momento é bom para empresas e indivíduos. “Os credores estão propensos à negociação para que o nome da pessoa esteja limpo a tempo de conseguir fazer novas compras. Por outro lado, com o décimo terceiro na mão, a pessoa tem uma chance de ter um valor inicial
maior para poder negociar.”
Para saber como administrar o décimo terceiro sem afobação, o Estado ouviu três especialistas em planejamento financeiro: Luiz Correa, da Planejar; Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper; e Fábio Gallo, da FGV.
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PARA QUEM ESTÁ ENDIVIDADO
1. O PRIMEIRO PASSO é saber exatamente o valor devido. Para isso, procure o credor e peça a discriminação da dívida por escrito. Esse papel explica o motivo da dívida, o valor dos juros e a quantia principal, além de ter uma condição legal.
2. SEJA CAUTELOSO ao conferir os valores que podem estar errados. Se não souber matemática financeira para refazer as contas, busque ajuda de consultores, planejadores financeiros ou órgãos públicos, a exemplo do Procon.
3. ANALISE E DEFINA quanto pode pagar. A estratégia de conhecer, reconhecer e organizar ajuda a quitar as dívidas enxergando o cenário de modo a não fazer mais despesas.
4. PAGUE PRIMEIRO AS DÍVIDAS MAIS CARAS. As dívidas que envolvem grandes quantias também cobram mais juros, quanto antes o consumidor abatê-las, menos dinheiro vai gastar.
5. ATENÇÃO PARA O CARTÃO DE CRÉDITO. Ainda que essas dívidas não sejam o maior montante, os juros costumam ser os mais altos e, portanto, elas ficam mais caras.
6. NÃO DEIXE DE AMORTIZAR dívidas altas porque o valor do décimo terceiro não é suficiente para abatê-las. Dificilmente algum investimento vai render acima dos juros desse débito. Vale abater.
7. USE O DÉCIMO TERCEIRO como instrumento de negociação. Não aceite qualquer proposta e use seu tempo para encontrar condições melhores.
8. CUIDADO COM A ANTECIPAÇÃO de parcelas de financiamentos, ou mesmo de aluguéis. Essas negociações só compensam se o credor diminuir consideravelmente os juros. Nesse caso, é preciso fazer contas e não se deixar levar pela ansiedade de se livrar do compromisso das parcelas.
9. GUARDE O DÉCIMO TERCEIRO, SE FOR SUA ÚNICA RESERVA. Nesse caso, ter algum dinheiro para emergências pode ser melhor do que pagar uma parcela antecipada.
PARA QUEM QUER GUARDAR OU INVESTIR
1. DINHEIRO PARA EMERGÊNCIAS pode ser investido com liquidez diária, do tipo que o investidor resgata em até um dia.
2. SE FICAR DESEMPREGADO, a liquidez de trinta dias é suficiente para resgatar investimentos. A dica é ter até
seis meses de seus custos guardados em títulos desse tipo.
3. DIVERSIFIQUE as aplicações. Em razão do valor recebido no décimo terceiro, muitas vezes não é possível fugir do Tesouro Direto, mas algumas corretoras reduziram os aportes para determinados investimentos no mês de novembro.
4. SE QUISER ASSUMIR RISCOS MAIORES, não comece com grandes quantias. Para se adaptar, é preciso treinar com valores menores.
5. TEMPO E PACIÊNCIA são fundamentais para conseguir bons resultados no item 4. Não se desespere com as primeiras perdas.
6. FUNDOS MULTIMERCADOS são a primeira indicação dos especialistas, eles envolvem riscos moderados e não exigem alto conhecimento no mercado.
7. FUNDOS DE AÇÕES são indicados antes de se arriscar sozinho no mercado de ações. Lembrando que se o investidor não tiver conhecimento ou tempo, os planejadores indicam seguir nos fundos.
TIPOS DE INVESTIMENTO
RENDA FIXA
É o tipo de investimento em que a remuneração ocorre por meio de juros. Na prática, o investidor empresta dinheiro para um emissor e lá na frente recebe, junto do capital investido, os juros acumulados no período. Exemplos: caderneta de poupança, títulos públicos, CDB, letras de crédito imobiliário e fundos de investimento em renda fixa.
RENDA VARIÁVEL
O investidor não sabe qual será a remuneração no dia em que aplica o dinheiro. Isso depende muito das condições do mercado. Apesar de ser um investimento muito mais arriscado, pode gerar um rendimento muito maior. Exemplos: mercado de ações (Bolsa de Valores), derivativos, letras e câmbio e fundos de ações.
TESOURO DIREITO
É um título público de renda fixa emitido pelo Tesouro Nacional – órgão do governo que controla as finanças do País. Quando ele emite um título, gera um papel que garante ao comprador o pagamento de uma quantia de dinheiro em uma determinada data (e a determinados juros corridos). Há três tipos: pré-fixado (você sabe exatamente o quanto irá resgatar), fixado à inflação e fixado à Selic (o rendimento vai depender dessas variáveis). Para investir, procure um banco ou corretora. Dá para começar com no mínimo R$ 30.
MERCADO DE AÇÕES
Empresas que querem realizar um projeto, mas não têm dinheiro, recorrem ao mercado de ações para angariar fundos vendendo títulos a investidores que viram sócios do negócio (elas poderiam ir ao banco, mas as taxas de empréstimo são altas).
APOSENTADORIA
A previdência privada é um complemento da aposentadoria comum, e não tem a ver com o INSS. Você pega o dinheiro, define a periodicidade, vai botando e no final retira. Ela pode ser PGBL (cobra imposto do montante a ser resgatado e dá para descontar do imposto de renda) ou VGBL (cobra imposto sobre o rendimento e não dá para descontar do IR). Nos dois casos, é cobrada uma taxa de administração. Quem opta pelo Tesouro Direto escolhe um título de longo prazo, para resgate perto da idade em que vai se aposentar. O ideal é comparar as propostas de bancos diferentes para ver qual é o melhor.
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