“Nenhum arquiteto deve ser o protagonista de uma reforma. Cabe a ele encontrar algo que faça sentido para o morador para que este assuma o protagonismo”, defende Maurício Arruda, arquiteto responsável por executar e apresentar as transformações nos ambientes exibidos pelo programa Decora, da GNT.
Ele acredita que tal ideia é hoje uma exigência de mercado. “É uma demanda que cresce em todos os segmentos. A gente tem que descobrir o DNA de cada cliente para contar a história dele”, disse. No dia 30 de maio, Arruda foi o centro das atenções em um evento realizado pelo Ah!Sim, escritório especializado em reformas. Ele falou sobre como encarar uma reforma e como práticas simples de sustentabilidade podem evitar a produção de muitos resíduos.
Toque humano
Para dar a cara do morador a uma casa que está sendo reformada, Arruda faz questão de ter uma convivência intensa com o cliente, de modo que ele possa trazer elementos mais humanos para transformar o imóvel. “O segredo não está no meu repertório, mas na história das pessoas. Esse é o grande caminho. O ponto principal de uma reforma é a história e eu gosto de mergulhar nela”, afirma.
Embora seja esse o objetivo que Arruda persegue, nem sempre o cliente tem ideia desse seu importante papel. “Muitas vezes a pessoa vai atrás da assinatura de um profissional, mas isso não é tão importante. O trabalho do arquiteto é customizar. Não é o lugar para eu contar a minha história. O mercado aponta para isso e nós temos que nos desprender de vaidade”, explica o arquiteto.
Pensamento racional
Uma reforma bem-sucedida, por sua vez, depende de um planejamento minucioso e, desde que tudo esteja organizado, Arruda conta que não há o que temer. “Tudo é uma questão de programação prévia”, diz. Um retrato disso são as próprias obras feitas para o Decora, que já teve projetos que foram planejados durante 50 dias para ser executados em cinco. “O mercado está crescendo e exige uma previsibilidade cada vez maior. Sempre tem um limite de orçamento e um prazo”, completa Arruda.
Descoberta pessoal
Mas a reforma não é só a planilha de gastos e prazos. “É uma oportunidade que você tem de passar a sua vida a limpo e se olhar no espelho”, conta Arruda. Em alguns casos, a mudança na vida dos moradores pode ser tão grande que eles começam a obra gostando de uma coisa e, no fim, optam por outras totalmente diferentes. “Isso obviamente dá mais trabalho, mas se não for assim não vale a pena.”
Reforma sustentável
Por fim, um aspecto que é crucial para Arruda é a sustentablidade. Com especialização em habitações de interesse social e desenvolvimento sustentável, o arquiteto desenvolve pesquisas nessa área há quase 20 anos. Segundo ele, hoje já existe uma preocupação maior com a destinação correta de resíduos de uma reforma, além, inclusive, de evitar movimentos desnecessários e muito entulho. “Os processos não sustentáveis se tornaram mais caros. Em um banheiro, por exemplo, qual o sentido de empreender uma reforma para mudar a posição de um vaso sanitário em 50 centímetros, por exemplo?” A dica principal para isso, segundo Arruda, é montar uma rede de comunicação para o reaproveitamento. “Assim, coisas que não foram quebradas ainda podem ser utilizadas em outros lugares. É só trocar informações que a coisa já alivia muito¨, conta.