Não há diferença no organismo e todos precisam passar por testes da Anvisa. O preço, porém, pode variar
No balcão da farmácia, você pede o medicamento de referência, receitado pelo médico, mas o farmacêutico oferece um genérico ou similar. Relutante, você não sabe qual escolher. Pois saiba que as três classes de remédio têm os mesmos efeitos no organismo e podem ser adquiridas com a mesma receita. O único afetado será o bolso – o preço, sim, tem variação. A disputa entre os três tipos de drogas ocorre há anos – até agora, os medicamentos de referência desfrutam da maior credibilidade. No entanto, para efeitos práticos, as três classes de droga têm os mesmos princípios ativos e podem ser usadas por qualquer pessoa, sem prejuízo ao tratamento, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Conselho Federal de Farmácia (CFF).
Medicações de referência, genéricas e similares precisam comprovar que têm os mesmos efeitos e composição química idêntica, antes de chegar ao mercado
REFERÊNCIA
A medicação original costuma ter mais credibilidade porque é precursora e inovadora. Vem ao mercado após milhões de dólares de investimento em pesquisa e uma bateria de estudos comprovando efeitos e segurança junto às agências reguladoras de saúde. É por causa dos recursos investidos que o preço, normalmente, é mais alto: as indústrias farmacêuticas querem reaver o valor gasto ao longo dos anos.
GENÉRICO
Após 20 anos, a patente é quebrada e todas as informações sobre o remédio, que eram guardadas a sete chaves, tornam-se públicas. Com isso, outras indústrias podem fabricá-lo. Essa cópia do original é o genérico, que surge para tornar mais acessíveis os medicamentos. Hoje, eles representam mais de 70% das prescrições norte-americanas, segundo o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). No Brasil, correspondem a 30%, diz a Associação Brasileira de Indústrias de Medicamentos Genéricos. A fórmula do genérico é a mesma do remédio original, com o mesmo princípio ativo, concentração e ação no organismo. A diferença é que a embalagem deve apresentar apenas o princípio ativo que está na fórmula, como Paracetamol ou Ácido acetilsalicílico, por exemplo. O efeito, contudo, é igual: o genérico passa pelos mesmos testes de ação e eficácia, impostos pela Anvisa, que as drogas de referência.
SIMILAR
Das três classes de medicamento, os similares detêm a menor credibilidade. Não são poucos os médicos que afirmam que eles são mais fracos ou menos eficazes do que os remédios originais. Na verdade, o similar nada mais é do que um genérico com marca: uma cópia do medicamento de referência que pode ter um nome fantasia e um logo bonitinho. Pela lei, o similar deve ter os mesmos princípios ativos, concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica que a medicação de referência. A fama ruim é forte porque, até 2003, a Anvisa não exigia pesquisas comprovando que eles eram cópias fiéis. Até hoje, o Conselho Federal de Medicina (CFM) orienta os médicos a receitar, com preferência, o medicamento de referência ou o genérico. No entanto, desde a Resolução nº 134/2003, os fabricantes de similares precisam apresentar ao governo estudos comparativos com o medicamento de referência. Atualmente, os similares que estão no balcão da farmácia passaram por esses testes. E a Anvisa disponibiliza, em seu site, uma lista atualiza – da dos remédios (referência, genérico e similares) que são intercambiáveis.
NO BALCÃO
Posso trocar um remédio de referência por um genérico ou similar?
SIM. Atualmente, você pode ir à farmácia com uma receita de medicamento de referência e pedir por um genérico ou similar (e vice-versa), sem qualquer prejuízo ao tratamento. Se estiver na dúvida, basta procurar na embalagem do similar a frase: “Medicamento similar equivalente ao medicamento de referência”. Se ela estiver presente, você pode usá-lo tranquilamente.
Posso trocar um remédio genérico por um similar?
NÃO. Imagine que você teve uma consulta no Sistema Único de Saúde e o médico receitou um genérico. Ao chegar à farmácia, você pode apenas pedir o genérico em questão ou a medicação de referência, nunca o similar. As indústrias farmacêuticas responsáveis por similares e genéricos apresentam à Anvisa testes que garantem o intercâmbio só em relação ao medicamento de referência, e não o similar ou o genérico. Portanto, vale tomar cuidado.