O financiamento para aquisição da casa própria é a modalidade de crédito para o consumidor final que responde mais rapidamente aos ciclos de corte da taxa Selic. Neste ano, enquanto os juros básicos caíram de 6,5% ao ano para 5%, a taxa média de crédito imobiliário recuou de 8,92% para 7,71%. Essa redução abre o caminho para a portabilidade de dívidas no setor – operação que, apesar de vantajosa, ainda é pouco utilizada pelos tomadores.
O financiamento imobiliário São Paulo, sexta-feira 8 de novembro de 2019 | 3 teve o melhor setembro desde 2015. É nessa modalidade que o consumidor sente concretamente os efeitos dos cortes nos juros. Caixa e BB reduziram taxas de crédito
Como funciona o financiamento
Fazer um financiamento imobiliário é pegar o dinheiro emprestado com um banco para comprar um imóvel e pagar, em prestações e com juros, por até 35 anos. O primeiro passo é entender a situação financeira do comprador e em qual banco o serviço é mais atraente. O que muda são as condições de pagamento, a duração dos contratos, quanto do imóvel pode ser financiado e as taxas de juros. Geralmente os bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal, costumam ser a primeira opção, já que apresentam taxas mais atraentes. Algumas instituições financeiras oferecem uma ferramenta onde é possível simular o valor do empréstimo em sites ou aplicativos.
Com a moradia escolhida, chega o momento de solicitar o subsídio. Nessa hora é preciso apresentar documentos (de RG a comprovante de renda). Após uma análise minuciosa, não havendo pendências em nome do cliente, a solicitação é aprovada. O imóvel a ser financiado é avaliado por um corretor ou engenheiro do banco, que faz a confirmação do valor antes da assinatura do contrato.
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São diversas as possibilidades, desde o programa Minha Casa Minha Vida, em que o Governo Federal facilita a aquisição do bem por meio da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, até os consórcios – para quem não tem pressa de mudar. Para adquirir um imóvel que supere o valor de R$ 500 mil e pagar as prestações em pouco tempo, o financiamento direto com a construtora costuma ser a melhor opção. O benefício dessa modalidade é poder dar uma entrada menor do que a exigida pelos bancos – caso aconteça algum imprevisto financeiro, negociar parcelas é mais fácil. A desvantagem é a cobrança do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), levando a um aumento do preço final do imóvel.
Como fazer portabilidade de dívidas imobiliárias
Uma redução de 1 ponto porcentual na taxa total do empréstimo imobiliário pode resultar em uma economia de até 15% no valor das mensalidades, explica Basílio Jafet, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo. Porém, o cliente está sujeito aos custos de avaliação do imóvel e do registro no cartório depois da portabilidade. Segundo Marcelo Prata, fundador do site Canal do Crédito, o processo custa perto de R$ 3,7 mil, para uma casa avaliada em R$ 500 mil na cidade de São Paulo.
Para saber se levar o financiamento para outra instituição financeira é um bom negócio, é preciso ver o Custo Efetivo Total do financiamento imobiliário. Nesse cálculo, entram a taxa de juros praticada pelo banco e os seguros por morte e invalidez permanente incluídos no financiamento. Outro valor a ser observado é a taxa de administração das contas envolvidas. “Essas tarifas têm um impacto importante na prestação porque variam de seguradora para seguradora. Elas são baseadas no prazo do financiamento e na idade do contratante”, diz Sérgio Cano, professor do MBA em Gestão de Negócios Imobiliários da Fundação Getúlio Vargas.
Com reportagens de Talita Nascimento, Érika Motoda e Renato Jakitas, O Estado de S. Paulo