Para quem vai para a livraria em busca de algum presente, para si ou outro, seja a pretexto de Dia dos Namorados, seja em qualquer outra data, esta pequena biblioteca de mulheres de escrita forte contém lições de literatura e de sensibilidade. São textos que colocam leitoras e leitores para pensar (e sentir). Há livros curtos, extensos, contos, romances, ensaios, memórias e poesias.
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ALICE MUNRO
A canadense Alice Munro (1931), uma contista primorosa e muito comparada a Chekhov, ganhou o Nobel de Literatura em 2013. Nas livrarias brasileiras, a obra mais recente é As Luas de Júpiter, em que fala de mulheres fortes vistas como frágeis por outras pessoas. São 12 histórias de extrema sensibilidade. Outros bons livros da autora, com textos profundos e condensados no formato que a consagra, são Fugitiva, que deu origem a um filme de Pedro Almodóvar, Vida Querida, Felicidade Demais e O Progresso do Amor.
ANA TEREZA PEREIRA
Ela nasceu em Portugal em 1958, publicou mais de 20 livros e em 2017 foi a primeira mulher a ganhar o prêmio Oceanos, o mais importante da língua portuguesa, pela obra Karen. São pouco mais de 100 páginas em atmosfera de mistério e com muitas referências cinematográficas, a exemplo de Rebecca, a Mulher Inesquecível, de Alfred Hitchcock, e Noites Brancas, de Luchino Visconti. Na trama, Karen desperta num casarão no interior da Inglaterra, sem reconhecer as pessoas que vivem com ela – a governanta Emily e o marido Alan.
CAROLINA DE JESUS
Em 1960, Carolina Maria de Jesus (1914-1977), catadora de papel e moradora da favela do Canindé, em São Paulo, surpreendeu a literatura com Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, escrito em cadernos que achou no lixo e guardados em um saco de pano. A obra, um contundente retrato da realidade da favela, foi destaque na imprensa internacional e, no Brasil, obteve tanto sucesso que entrou para a lista do mais vendidos batendo os de Jean Paul-Sartre e Jorge Amado (Gabriela).
CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE
As participações da autora nigeriana no programa de palestras TEDTalks somam milhões de visualizações. Um trecho foi usado por Beyoncé na canção Flawless. Suas duas obras mais recentes são manifestos feministas que figuram nas listas de mais vendidos mundo afora (Sejamos Todos Feministas; Para Educar Crianças Feministas). Em ficção, No Seu Pescoço é uma reunião de 12 contos que exploram migrações entre África e EUA, relacionamentos amorosos, a relação de mulheres negras com o próprio cabelo. Racismo.
ELENA FERRANTE
A envolvente tetralogia napolitana, que começa em A Amiga Genial, cobre os sessenta anos da amizade entre duas mulheres e da história da Itália desde 1944. A obra, que está sendo convertida e série da HBO (foto), é o trabalho mais famoso da autora que nunca aparece, ainda que fale por e-mail e escreva no jornal inglês The Guardian. Outros romances de Elena exploram o cotidiano, o feminino e as condições e contradições das relações entre as pessoas. Exemplos: Dias de Abandono (mulher de 38 anos é deixada pelo marido) e A Filha Perdida (uma mãe de meia-idade reavalia a maternidade e a família).
NATALIA GINZBURG
Um dos principais nomes do neorrealismo italiano, Natalia Ginzburg (1916-1991) foi tradutora de Proust e Flaubert e educou muito bem o historiador Carlo Ginzburg. O jornalista Antonio Gonçalvez Filho sugere começar o livro As Pequenas Virtudes pelo ensaio de mesmo nome em que a autora fala sobre ensinar aos filhos indiferença ao dinheiro, coragem, franqueza, amor à verdade e o desejo de ser e de saber, não de sucesso. Leia também: Léxico Familiar, a história de uma família, com seus casos, personagens esdrúxulos e fraseado peculiar.
NOEMI JAFFE
No livro O Que Os Cegos Estão Sonhando?, emocionante mergulho na natureza humana, a escritora Noemi Jaffe (1962) expõe o relato que sua mãe, Lili, escreveu ao deixar o campo de extermínio de Auschwitz. Lili tinha 19 anos quando foi salva, em abril de 1945, após 11 meses como prisioneira dos nazistas. Outros livros: Írisz: as Orquídeas (romance sobre uma mulher que, em 1956, foge de Budapeste para o Brasil) e Não Está Mais Aqui Quem Falou (reflexões da autora sobre memória, literatura e linguagem).
WISLAWA SZYMBORSKA
Premiada com o Nobel de Literatura em 1996, a poeta polonesa Wislawa Szymborska (1923-2012) tratava com certo humor temas complexos e duros. Durante a vida marcada pela invasão nazista – em 1939, quando foi submetida a trabalhos forçados — Wislawa escreveu cerca de 250 poemas. É difícil ficar indiferente aos versos de Conversa com a Pedra, por exemplo, contido no livro Poemas. Outra coletânea de sua obra poética é Um Amor Feliz – ambos traduzidos do original em polonês por Regina Przybycien.
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