Não adianta desprezar o tipo de livro preferido por seu filho quando ele é criança ou adolescente: é preciso conhecer essas escolhas e usá-las a favor do hábito
Os adolescentes estão lendo menos, mostram pesquisas, e a queda começa no 6º ano do ensino fundamental. No entanto, muitos especialistas acham que os critérios usados por estudiosos só refletem o que achamos que define a leitura: livros de ficção literária e livros físicos, sem incluir digitais.
Os jovens leem, sim, impresso e online. Só que o que muitos têm escolhido é terror e distopia, perfis em revistas, notícias online e etc. – algo que, em geral, mães, pais e professores desmerecem. Esses nativos digitais consomem cada vez mais textos, especialmente notícias, artigos de esportes e de entretenimento. Tudo online. Um adolescente, leitor apaixonado, me disse recentemente que “é preciso muito mais esforço para ler um livro do que olhar a tela, embora a leitura na tela também carregue a tentação de “começar a jogar ou verificar suas redes sociais”.
“Se seu filho reluta em ler ‘Romeu e Julieta’ para a escola, por que não abordar a peça de Shakespeare como uma história sobre relacionamentos que acabam? Qual aluno do 9º ano não está interessado nisso? ” Jeffrey D. Wilhelm, professor e escritor
Michael W. Smith e Jeffrey D. Wilhelm, professores e autores do livro Reading Unbound: Why Kids Need to Read What They Want – and Why We Should Let Them (Leitura livre: Por que as crianças precisam ler o que querem – e por que devemos deixar que façam isso; em tradução livre), chamam a atenção para alguns pontos: as crianças ficam bastante envolvidas em textos não valorizados por adultos; muitos adolescentes são leitores ávidos de conteúdos marginalizados, mas ainda assim são leitores; outros interessam-se por livros e artigos que “ensinem” algo, como a história de um esporte favorito ou o manual de um carro. Subestimar essas escolhas não ajuda a fazer com que os jovens se vejam como leitores.
ESTRATÉGIAS PARA INCENTIVAR A LEITURA
CONHEÇA E VALORIZE O QUE ELE GOSTA
Você pode não gostar, mas evite criticar. É crucial permitir que os adolescentes, que geralmente têm muita lição por fazer, escolham o que ler no tempo livre. Quem tem um filho que gosta de ler notícias, por exemplo, pode assinar vários (e bons) veículos de comunicação.
UMA PONTE PARA OUTRAS LEITURAS
Que tal propor diferentes tipos de leitura sobre os tópicos que interessam a seu filho? E não deixe de fora os textos online. “Cometemos um erro ao traçar linhas duras entre os livros e outros tipos de leitura”, diz Michael W. Smith, professor, escritor e especialista em leitura entre crianças. “Leio mais online e me considero um leitor.”
LEIA EM VOZ ALTA
Sim, seu filho sabe ler. Mas há um prazer distinto e uma oportunidade de aproximação importante em ter alguém lendo em voz alta para você. E isso cria uma “experiência em comum”, diz Abigail Foss, professora de inglês avançado da Northwood High School, em Silver Spring, Maryland. Outra possibilidade é vocês ouvirem audiolivros juntos.
ACHE TEMPO PARA LER
Os adultos nem sempre dão o melhor exemplo: fique menos no telefone com mensagens ou mídia social e dedique 20 minutos por dia para ler um livro ou artigo de revista, enquanto os demais integrantes da família também leem algo que cada um escolheu. Se seu filho não topar, você pode desfrutar desse prazer
Conteúdo baseado em texto de Karen MacPherson, do “The Washington Post”. Leia aqui a íntegra traduzida para o Estadão por Romina Cácia.