Não. Não há comprovação científica de que os medicamentos do chamado kit covid ofereçam benefício na prevenção ou no tratamento da covid-19
NESTA PÁGINA
- kit covid: o que é
- kit covid não tem efeito comprovado pela ciência
- Efeitos adversos de componentes do kit covid
- Remdesivir: o que é
- O que fazer se tiver sintomas de covid-19
Ivermectina e azitromicina são alguns dos fármacos que fazem parte da combinação de medicamentos usados para a profilaxia ou tratamento precoce da doença, mesmo sem existir comprovação científica sobre os benefícios aos pacientes.
O que é kit covid?
Esse é o nome dado a uma combinação variável de medicamentos que estão sendo recomendados para a profilaxia ou tratamento precoce da covid-19, sem comprovação médica.
Quais medicamentos fazem parte do kit?
Geralmente, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, vitamina D e vitamina C, entre outros.
O kit covid funciona?
O Conselho Federal de Farmácia (CCF) informa que não há comprovação científica de que os medicamentos que compõem o kit covid ofereçam benefício na prevenção ou tratamento da covid-19.
“A prevenção que temos evidência científica que funciona é vacina e medidas de enfrentamento: máscara, distanciamento físico e higienização correta das mãos” Mellanie Fontes-Dutra, coordenadora da Rede Análise Covid-19
“Até o momento, todos os estudos publicados que avaliaram a eficácia desses medicamentos, juntos ou combinados, não demonstraram qualquer vantagem no seu uso quando comparados ao tratamento com placebo ou tratamento convencional”
Posicionamento do Conselho Federal de Farmácia (CCF)
EFEITOS COLATERAIS E REAÇÕES ADVERSAS DE COMPONENTES DO KIT COVID
Hidroxicloroquina: dores abdominais, diarreia, náusea e vômitos, lesão hepática aguda, miopatia, vertigem, reações extrapiramidais, convulsões (principalmente em pacientes com histórico prévio), taquicardia, prolongamento do intervalo QT, entre vários outros efeitos adversos, sendo os cardiovasculares aqueles que mais suscitam preocupações.
Ivermectina: diarreia, dor abdominal, anorexia, constipação e vômitos, febre, taquicardia, dor de cabeça, tontura, sonolência, vertigem e tremor, inchaço nos membros (braços, mãos, pernas e pés), hipotensão, além de prurido, coceira e erupções cutâneas.
Nitazoxanida: náusea, diarreia, vômito e dor abdominal, dor de cabeça, reação alérgica, taquicardia, mudanças na coloração dos olhos, urina e esperma; e, ainda, vermelhidão, coceira e erupções na pele.
Vitamina D: secura da boca, cefaleia, perda de apetite, náuseas, fadiga, sensação de fraqueza, dor muscular, prurido e perda de peso. O consumo excessivo também pode causar constipação, fraqueza muscular, vômitos, irritabilidade e desidratação. O excesso de vitamina D por períodos prolongados pode resultar em alterações endócrinas e metabólicas, como proteinúria, disfunção renal, hipertensão, arritmias, piora dos sintomas gastrointestinais, pancreatite, psicose, redução dos níveis de HDL e aumento dos de LDL.
Vitamina C: a administração de altas doses, por tempo prolongado, pode causar escorbuto de rebote, distúrbios digestivos, eritema, cefaleia, aumento da diurese e litíase em pacientes com insuficiência renal e naqueles predispostos à cálculos renais. Além disso, é importante lembrar que todos esses medicamentos apresentam contraindicações e podem alterar os efeitos de outros medicamentos já em uso pelo paciente.
“[ao usar o kit covid] os pacientes ficam expostos aos riscos associados aos medicamentos, entre eles os efeitos adversos por interação medicamentosa. O uso concomitante da hidroxicloroquina e azitromicina, por exemplo, pode potencializar a ocorrência de danos cardiovasculares”
Posicionamento do Conselho Federal de Farmácia (CCF)
Com reportagem de Renata Okumura, O Estado de S. Paulo
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O Remdesivir não está no kit covid. É aprovado para o tratamento da doença?
Até o momento o único medicamento aprovado no Brasil para tratamento específico da covid-19, em ambiente hospitalar, é o remdesivir. No entanto, a indicação de uso aprovada é bastante específica, sendo o medicamento indicado apenas para pacientes adultos (com 12 anos ou mais), com mais de 40 kg, que tenham sido diagnosticados com covid-19 associada a pneumonia e com necessidade de suplementação de oxigênio, desde que não estejam em ventilação mecânica ou ventilação com membrana extracorpórea (ECMO). Segundo o CFF, como observado em ensaios clínicos randomizados já publicados, o medicamento antiviral tem potencial de reduzir o tempo de recuperação desses pacientes e parece contribuir também para a melhora clínica.
Em novembro de 2020, porém, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se posicionou contra o uso do remdesivir. A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela aprovação em 12 de março deste ano acompanha a decisão de agências regulatórias de outros países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e da União Europeia, onde o remdesivir já está em uso desde o ano passado. Já para a OMS, faltam evidências dos benefícios e que há possíveis riscos associados ao uso do remédio, que tem alto custo.
TENHO SINTOMAS DE COVID-19. O QUE FAZER?
*Se tiver como febre, tosse, dor de garganta e/ou coriza, com ou sem falta de ar, a recomendação é evitar contato físico com outras pessoas e procurar imediatamente os postos de triagem nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) ou outros serviços de saúde
*Evite a automedicação
*Busque diagnóstico precoce
*Faça o teste de RT-PCR e o teste de swab nasal para detecção de antígeno
*Procure uma consulta médica, alguns planos de saúde, clínicas e etc. oferecem teleconsulta
*Sintoma considerado intenso exige procura imediata de serviço de saúde para melhor orientação
*O sistema de saúde tem diretrizes terapêuticas para tratar sintomas da covid-19 de acordo com a gravidade e outros fatores
Fonte: Mellanie Fontes-Dutra, coordenadora da Rede Análise Covid-19