Cérebro ansioso? Momentos de incerteza são oportunidades de crescimento pessoal e construção de resiliência. Para tentar ficar bem, conheça algumas estratégias
Com reportagem de Tara Parker-Pope, "The New York Times–Life Style". Tradução: Renato Prelorentzou, para O Estado de S. Paulo. The New York Times Licensing Group – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do "The New York Times". Saiba mais em Quatro lições para o seu cérebro ansioso
A Pesquisa de Pulso Doméstico dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos aponta que, em meados de maio, 30,7% dos americanos experimentavam sintomas de ansiedade ou depressão. Embora esse número tenha caído de um pico de 42% em novembro, ainda é alarmante. Em 2019, 11% dos adultos nos Estados Unidos tinham sintomas semelhantes, de acordo com uma pesquisa comparável do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde.
“Informação é alimento para o nosso cérebro”, diz Judson Brewer, diretor de pesquisa e inovação do Mindfulness Center da Brown University e professor associado de psiquiatria na faculdade de medicina. “Mas, quando existe uma incerteza contínua que não conseguimos resolver, as pessoas ficam ansiosas. Elas podem se sentir esmagadas porque não existe uma solução, o cérebro não consegue resolver o problema. Isso as deixa com uma sensação de esgotamento, cansaço e exaustão.”
Respiração dos cinco dedos: você traça o contorno da mão com um dedo enquanto se concentra na respiração. Esse exercício pode ajudar a impedir que pensamentos negativos assumam o controle
TOLERÂNCIA À AFLIÇÃO
Preocupar-se com o que você não sabe só vai piorar a ansiedade e o estresse. Mas aceitar que algumas respostas não estão disponíveis agora pode ajudar a construir um músculo emocional, a chamada “tolerância à aflição”. Pessoas com baixa tolerância ao sofrimento muitas vezes recorrem a formas não saudáveis
de lidar com a situação. Identificar e dar nome aos sentimentos pode acalmar a parte do cérebro que está estressada.
MELHORES HÁBITOS PANDÊMICOS
Os especialistas recomendam olhar para os meses de pandemia e identificar quais mudanças e experimentos foram bons – e mantê-los. Comportamentos antigos que não trazem benefício devem ser repensados.
É PRECISO FORTALECER CONEXÕES
Ligações sociais mais fortes ajudam a lidar com a ansiedade e a construir resiliência. “O que é normal agora?”, um leitor perguntou por mensagem de texto. “Estou louco para estar com as pessoas de novo, mas sinto que perdi minha habilidade para conversas casuais.”
PERGUNTE: ‘O QUE EU PRECISO AGORA’?
Tenho ouvido muitos leitores se repreendendo por ganhar peso ou se exercitar menos durante os lockdowns. “Eu me sinto fora de controle, autoindulgente, sobretudo com relação a comer e beber”, disse um leitor. “O aumento de peso deixa o movimento mais desconfortável e diminui minha opinião sobre mim mesmo.”
É importante lembrar que quase todos se esforçaram muito para equilibrar as restrições da vida pandêmica.
Envergonhar-se é contraproducente. Uma grande quantidade de pesquisas mostra que, quando nos damos um tempo e aceitamos nossas imperfeições – um conceito chamado autocompaixão – temos mais probabilidade de cuidar de nós mesmos e de ter uma vida mais saudável.