Videochamadas de estudo, trabalho e lazer têm demandas específicas para o cérebro, o que leva muita gente a sentir cansaço extremo
A sensação de exaustão com as chamadas por aplicativos como Zoom, Google Meet e Microsoft Teams é sentida por muita gente que tem de trabalhar ou estudar em casa — o fenômeno ganhou até nome, “zoom fatigue” (ou “fadiga de zoom”).
Em fevereiro, uma pesquisa da Universidade Stanford mostrou que a exposição excessiva às videochamadas são prejudiciais a curto e longo prazo. Entre os sintomas estão dores de cabeça, depressão e crises de ansiedade.
Causas e efeitos da 'fadiga de Zoom' 1 Excesso de contato visual = DESCONFORTO E CANSAÇO Olhar para os quadradinhos na tela é como ter que encarar vários olhares ao mesmo tempo, o que passa a sensação de ser vigiado 2 Olhar para a própria imagem = BAIXA AUTOESTIMA, DISTRAÇÃO E ANSIEDADE Ficar a maior parte do tempo se olhando causa estresse. No mundo real, não assistimos como nos mexemos e como nos portamos 3 Falta de movimentação física = SEDENTARISMO, MÁ CIRCULAÇÃO, POSTURA CORPORAL PREJUDICADA Usuários se exercitam pouco e deixam de caminhar até dentro de casa — muitas vezes esquecem de beber água e ir ao banheiro. Além disso, permanecem por muito tempo na mesma posição 4 Excesso de esforço para se fazer entender = ESTRESSE IRRITABILIDADE CANSAÇO FÍSICO E MENTAL
PALAVRA DE ESPECIALISTA
“Com a câmera ligada, você é o centro das atenções mesmo quando não está falando. Somos muito sensíveis à avaliação social”
Thaís Gameiro, neurocientista doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)“Ficamos olhando o tempo todo para o nosso rosto. É o tempo todo olhando a expressão, querendo adequar para que ela possa ser a mais agradável possível e correndo o risco de se desconectar do que está fazendo”
Sylvia van Enck, especialista em dependência de Tecnologia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas“No mundo real, se alguém estivesse te seguindo com um espelho constantemente — de forma que, enquanto você estivesse falando com as pessoas você estivesse se vendo em um espelho, isso seria loucura”
Jeremy Bailenson, professor da Universidade Standford e líder do estudo“Nosso cérebro é programado para reconhecer sinais corporais que complementam a fala. A falta deles é significativa para a atenção e para a frustração na conversa. O cérebro fica o tempo todo procurando por pistas visuais sobre o que está acontecendo”
Elisa Brietzke, psiquiatra e professora da Escola Paulista de Medicina
Com reportagem de Bruna Arimathea, O Estado de S. Paulo