Empresas de inovação com base tecnológica transformam o modo como consumimos produtos e serviços e atraem cada vez mais jovens que desejam empreender (e investidores que acreditam em seus projetos). Para quem já sabe o que fazer (ou está procurando uma ideia), separamos as áreas mais promissoras em 2019.
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O podcast da editoria de tecnologia do Estadão analisa (e informa sobre) a cena de startups no Brasil
AS STARTUPS ESTÃO COM TUDO
Nubank, iFood, Quinto Andar, Airbnb, 99. Fintechs, legaltechs, agrotechs, healthtechs. Marcas e termos como esses são ao mesmo tempo inovadores e velhos conhecidos. Atraem cada vez mais investimentos, movimentam a economia e desenvolvem produtos e serviços à base de, entre outras coisas, inteligência artificial, engenharia e ciência de computação e de dados.
Alimentação, relacionamento, fotografia. Comércio eletrônico. Serviços de entrega e produtos bancários. Transporte, aluguel de carro, bicicletas e patinetes. Estacionamento, venda de ingresso, supermercado. Plano de saúde, serviços jurídicos. Aluguel de imóveis. Escolta.
Nada será como antes, porque tem startup e aplicativo para quase tudo. Dia a dia, apps e tecnologias transformam o modo como compramos produtos e serviços e o que parecia supérfluo e recebia olhares de desconfiança vira praticamente indispensável. Fica difícil imaginar a vida sem esta ou aquela comodidade. Utilidade. Conveniência.
AGRO
Estimativas da StartSe, uma plataforma de incentivo a startups, indicam que o setor agrícola já é o segundo segmento mais buscado pelos empreendedores na hora de decidir quais mercados vão atender. A primeira posição é ocupada pelas fintechs
DIREITO
Está prevista para o segundo semestre a criação de um fundo de R$ 100 milhões voltado a investir em legaltechs brasileiras. Elas desenvolvem soluções para o setor jurídico e prometem livrar os profissionais de serviços burocráticos
FINANÇAS
As fintechs têm emergido globalmente em empréstimo, cartões, bancos digitais e ferramentas de controle das finanças pessoais. O setor recebeu US$ 39,6 bilhões em investimentos em 2018, um aumento de 120% em relação ao ano anterior
ALIMENTOS
Na logística de distribuição, na percepção do que quer o consumidor (praticidade e consumo consciente e saudável) e/ou na produção maior e melhor, as startups podem propor soluções sustentáveis à indústria de alimentação
SAÚDE
Há indícios de que os convênios médicos ficarão ainda mais caros. Com ajuda de tecnologia, novatas do setor podem otimizar consultas, exames e até cirurgias, barateando custos de olho em quem não tem plano de saúde
Em alta
Para Marcelo Nakagawa, que escreve para o Blog do Empreendedor, no Estadão PME, 2018 foi o melhor ano da história das startups no Brasil e 2019 pode superá-lo. “A 99 foi apenas a primeira de vários outros unicórnios [empresa que vale US$ 1 bilhão] que vieram depois, como Nubank, Stone, Movile, iFood e Arco. Excluindo China e Estados Unidos, nenhum outro país conseguiu criar tantos cavalinhos com um único chifre como o Brasil.”
Oportunidade
A maioria dessas pequenas empresas de base tecnológica que desenvolvem ferramentas, produtos e aplicativos nascem do olhar de empreendedores para a oportunidade que surge da necessidade e do desejo das pessoas e dos negócios. Em geral, elas desenvolvem e propõem novas formas de executar tarefas a fim de ganhar tempo, dinheiro e produtividade e facilitar a vida de consumidores, profissionais e empresas. Atuam por setor (finanças, educação, agricultura, saúde etc.) e precisam antecipar situações favoráveis nas tendências de transformação digital. Investidora anjo, presidente da boutique de investimentos G2 Capital e colunista de inovação do Link, do Estadão, Camila Farani escreveu recentemente sobre tendências de inovação para 2019. Veja os principais pontos destacados – Camila se baseou em quatro temas apontados pela consultoria CB Insights.
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O PODER CRESCENTE DA POSSE DA INFORMAÇÃO
Em linhas gerais, como diz Ann Winblad, investidora e sócia da Hummer-Winblad Venture Partners, dados são o novo petróleo e quem os detém não medirá esforços para protegê-los. As pessoas estarão mais conscientes sobre o que desejam compartilhar e mais vigilantes sobre como seus dados são usados. As discussões entre cidadãos, governos e empresas de tecnologia sobre o uso de dados devem se intensificar em 2019. É algo saudável, desde que as entidades envolvidas consigam atingir um equilíbrio entre deveres das empresas e direitos individuais.
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O PAPEL DA CHINA NA INTERAÇÃO SOCIAL
Um segundo aspecto é o papel da China em liderar novas ferramentas de interação social. Em 2018, a Bytedance, maior empresa privada de tecnologia do país, avaliada em US$ 75 bilhões, saiu na dianteira com seu app de edição de fotos, vídeos e música. Ele não só foi sucesso de público (tem 500 milhões de usuários), como também pautou o Facebook. A expectativa é que mais empresas como a Bytedance rompam a fronteira e operem globalmente, desafiando gigantes a inovar.
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A TRANSFORMAÇÃO DO ENSINO
Em uma terceira frente, está a transformação na forma de ensinar tecnologia. Modelos como os da Lambda School propõem capacitação tecnológica com contornos orientados diretamente à empregabilidade. Não é o fim dos cursos universitários, mas os “aprendizes” passam a dedicarse cada vez mais à aplicação prática do conhecimento, uma vez que boa parte dessas escolas têm participação de empresas para co-criação do currículo. Creio que essa tendência deve ajudar a preencher as lacunas ainda existentes entre o profissional recém-formado e o que as empresas desejam. No Brasil, vejo a possibilidade de redução no déficit de mão de obra especializada em TI, estimado em 150 mil profissionais, segundo a IDC.
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STARTUPS DE SAÚDE
Não posso deixar de mencionar a importância das startups do setor de saúde. O que se prevê para 2019 é uma onda de empresas com modelos capazes de reinventar atendimento domiciliar, barateando serviços da medicina. A expectativa está em companhias que atuem diretamente com o consumidor, fornecendo kits de coleta ou sistemas de controle. Enfim, a lista é vasta e a maior expectativa é sobre o que pode se materializar nos próximos meses. Como toda empreendedora, sou otimista por natureza e acredito na renovação.
CARREIRA EM MODO STARTUP
Foi-se o tempo em que o sonho do universitário brasileiro era trabalhar em uma multinacional: 37% dos estudantes têm interesse real em atuar em novatas de tecnologia. Querem abrir startups próprias ou atuar como funcionários. Os números são de uma pesquisa recente encomendada pelo fundo de investimentos Canary, que tem entre seus apoiadores Mike Krieger, do Instagram, e David Vélez, do Nubank.
Feita pela startup Spry, a pesquisa ouviu 357 alunos de faculdades de ponta do País, como USP, Unicamp, PUC-RJ, Insper e FGV. Segundo a pesquisa, os estudantes veem no empreendedorismo chances de carreiras com desenvolvimento profissional, aliado a bons salários e maior qualidade de vida. Veja destaques do levantamento e análises de especialistas ouvidos pelo Estado.
• 21,3% dos entrevistados querem montar uma startup
• 23,2% desejam trabalhar em uma empresa do tipo
• Casos de sucesso como 99, Nubank e iFood ajudam a impulsionar o interesse
• O número de jovens que almeja empreender é alto entre universidades de ponta, porque costumam ser estudantes de classe alta, com menos riscos a assumir
“Não basta só ensinar empreendedorismo,
é preciso mostrar o que dá errado”
Clayton Oliveira, de 26 anos, que preside a startup de saúde 99 Fórmulas
Com reportagem das redações do Link e do Estadão PME
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