Oito mulheres inspiradoras e suas contribuições para um mundo melhor. E mais: perguntas e respostas sobre o feminismo (e por que ele é importante para a sociedade)
As mulheres não precisam ser defendidas e reverenciadas; só precisam ser tratadas como seres humanos iguais (Chimamanda Ngozi Adichie, escritora)
ELAS FAZEM HISTÓRIA
Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, destacamos oito figuras femininas e suas lutas e contribuições para um mundo melhor
ADA LOVELACE, matemática
A inglesa Ada Augusta Byron King (1815- 1852) é considerada a primeira programadora do mundo. Ela criou algoritmos para a máquina analítica de Babbage, considerada um precursor dos computadores. Por ser filha do poeta Lord Byron, sua mãe queria que ficasse longe da poesia e estudasse matemática, na tentativa de livrá-la da excentricidade do pai. Mas Ada gostava das duas áreas e, em uma carta, perguntou à sua mãe se podia ao menos seguir a “ciência poética”. FOTO: ALFRED EDWARD CHALON
CORA CORALINA, poeta e confeiteira
Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (1889-1985), a Cora Coralina, começou a escrever antes dos 15 anos, mas não tinha o apoio da família nem mesmo para estudar. Casou-se, criou quatro filhos, enviuvou e, ainda que nunca tenha deixado de escrever, só publicaria o primeiro livro em 1965. Entre versos e bolos quentinhos que vendia na porta de casa para o sustento, converteu-se em uma das escritoras mais importantes e amadas do Brasil. FOTO: MUSEU CASA DE CORA CORALINA
GLORIA STEINEM, jornalista e ativista de direitos da mulher
Quando a norte-americana Gloria Steinem (1934) aderiu à luta pelos direitos humanos e a causa feminista, a expressão violência doméstica ainda não existia. Ela viveu muitas coisas em tantos anos de ativismo e costuma dizer que “uma mulher sem um homem é como um peixe sem bicicleta”. Fez grandes reportagens, testemunhou discursos históricos e ouviu comentários machistas. Sua luta desde sempre é para que homens e mulheres tenham direitos iguais – e para que elas não sejam abusadas, não ganhem menos e possam decidir sobre seus corpos e suas vidas. FOTO: KEVIN SCANLON/THE NEW YORK TIMES
HEDY LAMARR, inventora e atriz
Nascida em Viena, ela fez engenharia, mas teve de abandonar por causa do primeiro marido, um fabricante de armas. Conseguiu escapar desse homem e dos nazistas e foi para Paris, Londres e Hollywood, onde finalmente virou estrela de cinema. Além de atuar, a austríaca Hedy Lamarr (1914-2000) usou a mente privilegiada para criar uma técnica de encriptação precursora do Wi-Fi e do Bluetooth, um sistema melhorado de semáforos e um refresco em pastilha. FOTO: REPRODUÇÃO
MARIA MONTESSORI, médica e educadora
Maria Montessori (1870-1952) acreditava que o potencial de aprender reside dentro de cada aluno e, assim, levou a infância para um lugar ativo em diferentes áreas do conhecimento. Entre as contribuições da educadora italiana destacam-se métodos pedagógicos, móveis e ambientes combinados para estimular autoconfiança, autonomia e liberdade desde muito cedo. Até hoje, ela inspira um jeito de ensinar que respeita a voz e o tempo de cada um – e que ajuda meninas e meninos a descobrir o mundo com independência. FOTO: WIKIPEDIA
MARTA, atleta
Consagrada no futebol feminino e seis vezes escolhida como melhor jogadora do mundo, Marta Vieira da Silva (1986) nasceu em Dois Riachos, no interior de Alagoas. Ela é filha de um cabeleireiro, que deixou a família quando a menina tinha um ano, e de uma zeladora da prefeitura. José, o irmão dez anos mais velho, ensinou Marta a matar rolinha para comer quando a fome apertasse. Para ajudar a família, ela vendia geladinho e fazia carreto na feira. Mas o que mais gostava era cabular aula para jogar futebol e andar a cavalo. FOTO: AGÊNCIA BRASIL
Você pode me fuzilar com palavras E me retalhar com seu olhar Pode me matar com seu ódio Ainda assim, como pó, vou me levantar Trecho do poema ‘Ainda Assim Me Levanto’, de Maya Angelou (trad. Francesca Angiolillo)
MAYA ANGELOU, escritora e ativista
“O que eu realmente quero ser é uma representante da minha raça, a humana”, dizia a escritora Maya Angelou (1928-2014). Grande nome da cultura afro-americana e uma das principais intelectuais dos Estados Unidos, ela lutou pelos direitos civis e pela igualdade depois de superar um trauma na infância. Além de escritora (o começo da vida, até os 17 anos, está no livro ‘Eu Sei por que o Pássaro Canta na Gaiola’), ela foi bailarina, atriz e a primeira diretora de cinema negra em Hollywood. FOTO: NPR/REPRODUÇÃO
MARIE CURIE, cientista
Foi a primeira mulher a receber um Nobel. Filha de professores, Marie Sklodowska- -Curie (1867-1934) viveu na Polônia até decidir tentar a vida em Paris, onde entrou na Sorbonne para estudar física, química e matemática. Seus trabalhos sobre a radioatividade ampliaram os conhecimentos da física nuclear e ela identificou dois novos elementos químicos, o rádio e o polônio, abrindo as portas para uma nova era da medicina com grandes avanços no combate ao câncer. Em 1903, recebeu o Nobel de Física ao lado do marido Pierre Curie e Henri Becquerel. Oito anos depois, conquistou sozinha o Nobel de Química. FOTO: REPRODUÇÃO
NÃO ME VENHA COM FLORES
Celebrado neste domingo, 8, o Dia Internacional da Mulher foi estabelecido pela ONU na década de 1970. Sua origem está relacionada a décadas de luta das mulheres por direitos e melhores condições de trabalho e de vida. Ou seja: nada a ver com flor, bombom e elogio cheio de lugar-comum; tudo a ver com uma sociedade mais justa e menos desigual.
SEJAMOS TODOS FEMINISTAS
Perguntas e respostas sobre o feminismo (e por que ele é importante para a sociedade)
O QUE É FEMINISMO?
É teoria e prática na luta pela igualdade política, social e econômica para as mulheres. O conceito está na origem de muitas conquistas, como o direito ao voto.
FEMINISMO É O CONTRÁRIO DE MACHISMO?
Não. A diferença é a seguinte: o machismo não reconhece e não respeita os direitos das mulheres. O machismo é um comportamento opressor que atribui superioridade aos homens. O feminismo não defende a superioridade feminina, e sim a igualdade e o combate a injustiças – ele reconhece a importância dos direitos para homens e para mulheres.
POR QUE A CAUSA FEMINISTA É IMPORTANTE?
• Porque ainda tem gente que acha que feminismo é coisa de mulher infeliz que não consegue marido; • porque combater injustiças é positivo e legítimo;
• porque batalhar por direitos iguais para mulheres e homens ajuda a melhorar a vida, as relações e o futuro; • porque a desigualdade de gênero existe e causa prejuízos sociais, para a relação entre as pessoas e perdas econômicas;
• porque a violência contra a mulher é um problema de todos. E mata;
• porque é preciso criar meninos e meninas para que não achem a desigualdade natural.
EXISTE UM JEITO CERTO DE SER FEMINISTA?
Ser feminista é lutar pela liberdade de todas as mulheres, combater e violência de gênero e as injustiças, saber ouvir, saber reconhecer privilégios e não desmerecer a luta de outras mulheres por ser diferente da sua.