A “etiqueta” no ambiente virtual tem sido abordada no currículo de escolas particulares de São Paulo – e não só voltada a crianças e adolescentes. A reportagem é de Priscila Mengue.
Na Escola da Vila, que tem três unidades na capital, o comportamento de pais em grupos vinculados à instituição foi abordado em um texto chamado Precisamos falar sobre o WhatsApp.
Colégios privados se propõem a discutir ‘cidadania digital’ a partir de exemplos reais; preparação começa ainda no ensino fundamental
“Uma criança que agride não é, necessariamente, uma ameaça; um objeto que desaparece não é, necessariamente, resultado de um furto; um adulto que fica bravo não foi, obrigatoriamente, inadequado. (…) Precisamos ponderar, e quem pode fazer isso, com toda a propriedade, são os profissionais da escola escolhida pelas famílias para acolherem seus filhos!”
Desde 2015, a instituição aborda o comportamento virtual a partir do 6º ano (alunos de 11 anos), quando computadores começam a ser utilizados em sala de aula. “A gente construiu um programa para a formação desse usuário. Não só no sentido técnico, mas, principalmente, como frente de estudo (de como se estuda usando a internet) e na esfera da ética, do que é certo e errado, o que é melhor e pior”, explica a diretora pedagógica Sonia Barreira.
Para Sonia, a formação ética e moral é uma demanda das escolas mesmo antes da internet. “Dilemas éticos surgem no convívio coletivo. A mudança é do contexto histórico.”
ETIQUETA E CIDADANIA
Já na Escola Móbile, na zona sul, a cidadania digital é tratada no programa Conviver na Web, criado em 2010. Dentre os temas abordados, estão as fake news, o ciberbullying e a exposição de informações pessoais na internet. “Quando você percebe que a sociedade se comunica de forma bastante intensa por meio de ambientes virtuais, sem dúvida a cidadania digital precisa se tornar um conteúdo regular”, aponta Cleuza Vilas Boas Bourgogne, diretora pedagógica do ensino fundamental.
Segundo Cleuza, as atividades costumam trazer exemplos reais para serem debatidos pelos alunos desde o 3º ano. “São renovadas a cada ano, porque os conflitos de uma criança de 8 anos são diferentes dos de um adolescente”, diz. “Antes, esses conflitos ficavam em esfera mais reduzida. Agora tomam dimensão muito maior. Ressaltamos que tudo que está no ambiente virtual é para sempre.”
Estudante do 9º ano, Luísa Rocha, de 15 anos, diz tomar “muito cuidado” antes de publicar qualquer coisa em uma rede social. “Quando a gente se envolve, acaba refletindo mais e evitando algumas situações.”
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