Para contribuir com o debate e ajudar a conscientizar adultos e crianças a respeito da nossa relação com o planeta, o Estadão sugere três livros
A PROPÓSITO
O novo relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU afirma: se o planeta atingir 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais neste século, o Brasil produzirá menos alimento e terá desequilíbrio de CO2 na Amazônia, além de secas, incêndios e enchentes mais intensos
ALÉM DA CHUVA
Autores: Michel Gorski e Fernando Vilela
Editora: FTD (48 págs.; R$ 49)
Dois amigos, um jornalista e um cientista, se reencontram em uma São Paulo verde e sustentável, no ano de 2035. É um lugar completamente diferente daquele de 2010, quando uma forte chuva inundou tudo, mais uma vez, e eles se juntaram a outros amigos para pensar soluções para a cidade não sofrer. A chuva, que é uma coisa boa, não devia causar tanta destruição. Ouvindo as histórias da avó de um deles, o grupo projetou um prédio aquário, um carro-piscininha, calçadas e telhados de hortas. “O que tentamos mostrar é a questão da pequena escala”, diz Michel Gorski. “É no entendimento de que você pode fazer alguma coisa, e que isso terá um valor, que as coisas começam a mudar.”
A FLORESTA
Autora: Irena Freitas
Editora: Companhia das Letrinhas (32 págs.; R$ 44,90)
Para pequenos leitores, A Floresta, livro-imagem da ilustradora amazonense Irena Freitas, mostra uma menina diante das notícias sobre as queimadas na Amazônia e sua jornada, a partir daí, para transformar sua casa em um lugar mais agradável. “O caminho dela é o caminho que todos nós fazemos, em algum ponto da nossa vida, quando começamos a observar o ambiente e pensamos nas pequenas mudanças que podemos fazer para melhorar o lugar”, diz a artista de 29 anos.
O QUINTAL DA MINHA CASA
Autor: Fernando Nuno; ilustração: Bruno Nunes
Editora: Companhia das Letrinhas (40 págs.; R$ 49,90)
Apresenta aos leitores todos os seres vivos e imaginários que habitam o nosso quintal, até que alguém começa a mexer nele e tudo desanda. Há esperança, no fim – quando o narrador descobre que há mais gente preocupada com a natureza. “As crianças de hoje vão receber das gerações anteriores um mundo em condições bem difíceis”, diz Fernando Nuno. “Mas grande parte delas já está ganhando, enquanto cresce, a consciência da situação e de que é preciso aprender o que algumas pessoas já fizeram nesse sentido e criar novas ideias e técnicas”, diz Nuno.
ALERTA O escritor americano Jonathan Safran Foer diz em seu mais recente livro, Nós Somos o Clima (Ed. Rocco), que vamos ter vergonha dos nossos filhos, netos e bisnetos pela forma como escolhemos viver. Não que o meio ambiente não esteja entre as nossas preocupações. Ele está, e a cada geração há avanços. Mas este é um problema abstrato, ele diz, e apesar de sermos bombardeados com informações científicas alarmantes, isso não desencadeia, de fato, uma mudança de hábito. Mas talvez isso não se aplique às novas gerações. ESPERANÇA O escritor e ilustrador Fernando Vilela (Além da Chuva) é otimista. “As crianças de hoje podem mudar o mundo e reinventar o futuro. Essa geração já nasceu com uma outra cabeça de sustentabilidade e tem um engajamento enorme”, diz – e conta que hoje aprende mais com os filhos do que o inverso. Eles estão na casa dos 20, e não comem carne pelo mesmo motivo que Safran Foer destaca em seu livro (ele diz que se as vacas fossem um país, elas estariam atrás apenas da China e dos Estados Unidos na emissão de gases de efeito estufa).
Com reportagem de Maria Fernanda Rodrigues, O Estado de S. Paulo