Marcas deixadas nos livros revelam histórias de leitores e ampliam a experiência de leitura
Você prefere conservar os livros intactos ou tem o hábito de deixar marcas nas páginas? Morto em fevereiro, o crítico literário George Steiner afirmava que a presença de um lápis na mão – para riscar, sublinhar e fazer anotações nas margens do texto – revela um leitor que reage e responde ao que está lendo.
HISTÓRIAS PARA CONTAR
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A curiosidade em descobrir as marcas deixadas por antigos leitores inspira a iniciativa da cantora e compositora Carol Naine, que criou o perfil do Instagram ‘Quem Sabe Sebo’. Movida pela vontade de compartilhar “a história do livro e a vida que o livro teve”, ela mantém a página como um hobby.
GALERIA DE DEDICATÓRIAS
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De tanto vasculhar sebos em busca de dedicatórias em livros, a mineira Mariana Gogu criou há oito anos o projeto Eu Te Dedico, no Tumblr e no Instagram. Ela recebe reproduções de dedicatórias e faz a curadoria. “Algumas mais românticas, outras de amizade, pedidos de desculpas. Grande parte vem com a história por trás da mensagem”, diz Mariana. “As pessoas dizem que se emocionam e se inspiram para escrever as suas”
MARCAS HUMANAS
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“Eu tinha um cuidado muito grande em preservar os livros, achava que tinham um caráter sagrado, mas, ultimamente, tenho sentido uma vontade maior de escrever, rabiscar e fazer uma espécie de troca: o livro me marca, e eu quero deixar uma marca nele também”, diz o artista visual Wolney Fernandes. Na foto, uma intervenção feita por ele no livro Água Viva, de Clarice Lispector.
GABINETE DE CURIOSIDADES
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Dono do sebo Desculpe a Poeira, o jornalista Ricardo Lombardi diz que esses “aspectos mais físicos que cercam a leitura” sempre lhe interessaram. Desde que passou a comprar livros usados para revender, ele também coleciona objetos que os antigos donos deixam dentro deles. Lombardi os guarda em pastas ordenadas em categorias, como fotografias, cartas e tíquetes.
PESQUISA
Cresceu o número de crianças leitoras entre os 5 e 10 anos. Dessas, 48% afirmam ler por gosto. As principais influências? Os pais, sobretudo as mães, e os professores. Os dados são da pesquisa Retratos da Leitura
8.076 | pessoas foram ouvidas em 208 municípios entre outubro de 2019 e janeiro de 2020. Todas as capitais foram contempladas
4,95 | é a média de livros lidos pelos brasileiros em um ano – desses, 2,55 livros foram terminados e 0,87 foi leitura obrigatória da escola. Os índices são similares aos da pesquisa anterior
48% | dos brasileiros não leem – antes, o índice era de 44%
22% das pessoas não gostam de ler
11a. é a posição que a leitura de livros ocupa na lista do que as pessoas gostam de fazer no tempo livre
- TV
- usar a internet
- ouvir música
- ver vídeo ou filme
- escrever
- reunir-se com amigos ou família
- redes sociais
- ler jornais e revistas
- fazer esportes vêm antes
- LER LIVROS
Fonte: 5a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil Instituto Pró-Livro, Itaú Cultural e Ibope
Com reportagens de Maria Fernanda Rodrigues e Júlia Corrêa, O Estado de S. Paulo