A pedido do Estado, a poeta Mariana Ianelli indica um caminho para ler…
Clarice Lispector (1920-1977) nasceu no dia 10 de dezembro e seu centenário será celebrado no ano que vem. A poeta Mariana Ianelli sugere um roteiro para quem deseja mergulhar na obra dessa que é uma das escritoras mais importantes da literatura brasileira.
COMEÇAR SEM MEDO
• Água-viva (1973): pequena dose concentrada. Vale a aposta nesse choque inicial, já que a experiência de ler Clarice passa pelo espanto de algo que nos é ao mesmo tempo insólito e muito íntimo.
• A Descoberta do Mundo (1984): recolha póstuma de crônicas leva ao contato com a escritora em sua voz mais pessoal, de bastidor, a partir de como ela encara e leva para a literatura episódios da vida cotidiana.
• Laços de Família (1960): uma coletânea de contos perfeita para quem quer começar e para quem busca o melhor e o mais palatável da autora num livro só.
AVANÇAR EM ESTRANHEZAS
• A Via Crúcis do Corpo (1974): controversa coletânea de contos para rever as transgressões do feminino e seguir sem erro por outros contos de Felicidade Clandestina (1971) e A Legião Estrangeira (1964).
• Um Sopro de Vida – Pulsações (1978): o último romance pode ser – vir de mergulho nas inquietações humanas dos personagens e em inquietações da criação e do pro – cesso de escritura.
• Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969): a história de dois personagens em mútua aprendizagem de amor “começa sem começo”, com uma vírgula. É um livro de mínima trama e grandes acontecimentos do corpo, do ser, do pensamento.
IR A FUNDO
• A Paixão Segundo G.H. (1964): romance dos mais complexos da escritora, para ser compreendido “subliminarmente”.
• A Maçã no Escuro (1961): um romance considerado denso, difícil, filosófico. Para leitores desapressados.
• A Cidade Sitiada (1949): romance menos conhecido, para muitos indecifrável e, para Clarice, um dos preferidos.
PARA UMA LEITURA COMPARADA
• A Hora da Estrela (1977): mesmo quem conhece pouco de Clarice alguma vez ouviu falar de Macabéa, personagem popularizada no imaginário literário brasileiro desde 1985, com o filme homônimo de Suzana Amaral.