A diretora executiva do Ibevar, Patrícia Cotti, conta o que mudou desde a primeira Black Friday que ocorreu no Brasil, em 2010, e dá dicas para fugir de fraudes. Segundo Patrícia, o amadurecimento da promoção mostra que o Natal é a temporada de comprar presentes outras pessoas, enquanto a Black Friday se consolidou como a chance de presentear si mesmo.
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As primeiras edições da Black Friday no Brasil não atraíam muita gente e tiveram uma imagem de ‘black fraude’. Em 2018, essa já é a segunda maior data do comércio. O que mudou?
A partir de 2015, aumenta muito o número de buscas e aquisições por parte dos consumidores, o que mostra uma imagem mais consolidada da Black Friday. Mas ela começou pequena. Em meados de 2012 e 2013, houve um marco: uma pesquisa liderada pelo Estadão mostrava a realidade da ‘metade do dobro’ [maquiagem de preço para simular o desconto]. Depois, o Procon passou a fazer fiscalizações e as empresas aderiram mais. A questão cultural é difícil de mudar e tem muita gente que ainda brinca com ‘black fraude’, o público está
participando mais e as empresas também.
O que pode ter causado esse aumento de participação?
Não há influência única. Existe a presença maior do Procon, o crescimento das ofertas. São três eixos básicos: fiscalização, adesão e confiança.
Qual a principal diferença, na sua opinião, da primeira edição da Black Friday no Brasil, em 2010, para este ano?
Antes, a Black Friday estava atrelada ao comércio eletrônico, e hoje há um movimento que vai para o físico. Além disso, existe a integração dos canais, quando as pessoas compram online depois de procurar em loja física, por causa do preço mais barato e vice-versa.
A relação entre quem compra e quem vende mudou?
As empresas estão atuando com mais transparência. Elas já entenderam que a Black Friday é uma grande data. E tem um movimento do consumidor. O Natal é a data para presentear outras pessoas. A Black Friday é para presentear a si mesmo. Há muitas ações de empresas nesse sentido.
As fraudes nas promoções diminuíram?
Empresas maiores tendem a ser mais confiáveis e transparentes
em promoções e valores. As menores, principalmente na internet,
às vezes sobem o preço um ou dois meses antes, para
depois baixar. É bom ter uma ideia de quanto o produto custa,
em média, para ver se é real. O aplicativo Buscapé, por exemplo,
informa o preço médio e se está caindo.
E lojas falsas e links maliciosos?
Há lojas falsas principalmente dentro de um ou outro marketplace que não é muito rigoroso no cadastro, que só exige e-mail. Mas isso é cada vez menos praticado. E o consumidor já começa a conseguir mapear o que é real. A preocupação com a segurança deve existir sempre, independentemente de Black Friday. Pode ocorrer de pequenas empresas venderem produtos que não têm no estoque. Daí demora mais para entregar.
Isso não é ilegal?
Não é ilegal, mas tem prejuízo para o consumidor. Se começar a demorar muito, pode procurar o Procon. Você tem o direito de cancelar o seu pedido, em até sete dias depois da aquisição.
Como identificar empresas fraudulentas?
Os sites não são seguros, os preços estão muito abaixo da média… Quando é bom demais, o santo desconfia. Nenhuma empresa pequena consegue segurar descontos agressivos. Além disso, é sempre bom visitar o Jus Brasil [que reúne processos judiciais] e o Reclame Aqui [reclamações de consumidores a empresas]. Pesquise a reputação antes de comprar.
E se a loja for boa…
É basicamente o contrário. A gente percebe que um lugar tem grande número de recomendações positivas e que é transparente. O vendedor fala qual era o preço real, quantos dias vai demorar para entregar e os sites
são seguros. Se cerque e veja se você consegue levantar recomendações reais, para que não te enganem.