Gigantes e startups já dão mais importância a características pessoais do que à formação técnica. Capacidade de colaboração, iniciativa e comunicação clara estão entre os atributos mais procurados
O comportamento e a capacidade de relacionamento já contam mais do que aptidões técnicas nas contratações de gigantes e startups. Ainda não é regra, mas os motivos para acreditar que a tendência veio para ficar são claros: o argumento das empresas é que essas características, as chamadas soft skills, são mais difíceis de desenvolver do que habilidades técnicas. Apesar de os atributos esperados serem mais ou menos os mesmos, cada organização adapta a busca à própria cultura. Veja alguns exemplos.
MAGAZINE LUIZA | O diretor de gestão de pessoas Luiz Felipe Massad diz que mesmo quem ocupa os mais altos cargos deve demonstrar certa humildade. “A gente espera que, quando um executivo for a um evento da empresa, ele esteja disposto a carregar caixas para ajudar na organização, se necessário.”
C6 BANK | A fintech criou sua cultura do zero, afirma Rafael Brazão, diretor de gente e gestão. Habilidades comportamentais ajudam a definir promoções e bônus. Uma das características esperadas é chamada de frescobol. “Um ‘arredonda’ a bola para o outro e não há vencedores, os dois ganham quando conseguem jogar por mais tempo.”
NESTLÉ | Sabendo dessa demanda, o indivíduo pode “fingir” ter um perfil desejado Ana Schiavone, gerente de talentos da Nestlé, recomenda exatamente o oposto: “Seja você mesmo, porque pode até manter a máscara e ser contratado. Mas aí vai ter de trabalhar numa empresa que não tem nada a ver contigo.”
Com reportagem de Fernando Scheller, O Estado de S.Paulo
O QUE AS EMPRESAS BUSCAM? • Capacidade de colaboração • Iniciativa (ou autogestão) • Comunicação clara • Comportamento “de dono” • Disposição para trabalhar com pessoas de diferentes perfis
DIFICULDADES
Apesar da emergência de novas formas de contratação, pesquisa do Great Place to Work mostra que a maioria das empresas se preocupa mais em estruturar processos tradicionais de RH do que em inovar. O estudo conclui que as companhias devem evitar “copiar” processos da moda para os quais não estão preparadas. Para Ricardo Basaglia, diretor da consultoria Michael Page, as empresas ainda falham em identificar as melhores personalidades para sua cultura. “De maneira geral, percebo que conhecem pouco os funcionários.”