Na reta final para o vestibular, é hora de polir os conhecimentos. Na faculdade, o jeito de ensinar mudou.
Com o objetivo de formar alunos mais maduros, para a vida e para o mercado, escolas de ponta buscam programas mais fluidos, que ensinam as questões técnicas, e também o lado prático.
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UM NOVO JEITO DE ENSINAR
As escolas superiores de ponta de São Paulo partiram para um novo jeito de ensinar. Além de reformas físicas, que enterram aulas expositivas em carteiras individuais, currículos foram refeitos e professores tiveram de ser treinados dentro de uma nova concepção. “As paredes estão desmontando”, diz Manolita Lima, coordenadora do Núcleo de Inovação Pedagógica da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). O processo
de transformação curricular e pedagógica da instituição aparece de forma mais evidente na ESPM Tech.
O novo prédio vai abrigar os cursos que envolvem principalmente questões tecnológicas. E, a partir de 2019, um curso de cinema. De acordo com Manolita, os alunos hoje devem ser preparados para a vida e não apenas
para o mercado de trabalho. “O estudante precisa ter maturidade, noções de consequência. Professor não é babá
e nem algoz”, afirma a pedagoga. “O exercício da autonomia é fundamental. Até a questão da prova acaba sem sentido.”
O estudante precisa ter maturidade, noções de consequência. Professor não é babá e nem algoz. O exercício da autonomia é fundamental
Manolita Lima, coordenadora do Núcleo de Inovação Pedagógica da ESPM
EXPERIÊNCIA REAL
O Instituto Mauá de Tecnologia, na Grande São Paulo, passou por uma transformação filosófica parecida com a que ocorreu na ESPM. Se as novas tecnologias são necessárias, como impressoras 3D, análise de grandes
quantidades de dados e laboratórios semelhantes ao mundo real, elas precisam funcionar dentro de um contexto, segundo Marcello Nitz, pró-reitor da Instituição. “O currículo não é uma sequência de disciplinas.
Nós buscamos uma ruptura. As atividades fora da sala de aula passaram a ser valorizadas. As paredes dos laboratórios foram derrubadas em busca de uma maior integração. O mundo está mais complexo. Além
das questões técnicas, os alunos aqui têm oficinas de filosofia e de teatro ao longo do curso.”
As paredes dos laboratórios foram derrubadas em busca de uma maior integração
Marcello Nitz, pró-reitor do Instituto Mauá de Tecnologia
A questão tecnológica tam-bém é vital no curso de Computação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, mas ela é vista apenas como a cereja do bolo. “O mais importante é como desenvolver nas pessoas habilidades de resolver problemas”, diz Ismar Silveira, professor de Ciências da Computação da Mackenzie. Dentro deste cenário, o acadêmico critica o termo universidade 4.0 porque ele expressa um significado diferente daquilo que se pretende com a universidade moderna. Segundo Silveira, “é um termo que remete à indústria 4.0. Mas nós vivemos em uma sociedade pós-industrial. E nós temos de colaborar para a construção desta sociedade do amanhã”.
Na visão de Silveira, em um pensamento similar aos seus pares da ESPM e do Instituto Mauá, o estudante que começa a ser formado dentro dessa nova proposta pedagógica estará preparado para enfrentar desafios
e resolver problemas. “Serão capazes de ter soluções para questões críticas. Por meio das várias tecnologias modernas que estão disponíveis”, afirma o professor da Universidade Mackenzie.
INOVAÇÃO
Uma simulação de um julgamento realizada em Washington, capital dos Estados Unidos, para o aluno do curso de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV) aprender sobre o sistema interamericano de Direitos Humanos. O exercício é parte de uma competição: o desfecho do tribunal e a indicação dos melhores estão sob a responsabilidade de um juiz de verdade. Com o objetivo de representar da melhor forma possível o mundo real, iniciativas de várias instituições que apresentam esse tipo de atividade aos estudantes contribuem para o desenvolvimento de habilidades: desde falar em público até organizar um raciocínio jurídico lógico.
Pela nossa visão, a educação tradicional é insuficiente
Francisco Aranha, professor da FGV em São Paulo
Em São Paulo, também na FGV, um outro programa, baseado em uma experiência dinamarquesa, promove inovação metodológica. A partir do sexto semestre, os alunos do curso de Administração de Empresas podem participar do Intent, em que projetos feitos pelos estudantes com base no conhecimento adquirido em
semestres anteriores permitem exercitar liderança, trabalho em equipe e senso de direção, onde se aprende a lidar com as emoções. “Pela nossa visão, a educação tradicional é insuficiente”, afirma o professor Francisco
Aranha, coordenador do Centro de Desenvolvimento de Ensino e Aprendizagem da Escola de Administração de Empresas em São Paulo.
Na Faculdade de Ciências Econômicas do Insper, a resolução de problemas complexos é um dos principais motes do curso de graduação. De acordo com a instituição, a parte teórica do curso é sempre confrontada com problemas reais.
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