Uma alternativa muito comum entre os taxistas para aumentar os lucros e dividir as despesas é rodar com o carro em todos os períodos. A prática, no entanto, requer alguns cuidados
MÁRIO ROSSIT
PARA O EXPRESSO
A rodagem na cidade exige muito mais da máquina do que os percursos, mesmo que longos, na estrada. Motor, câmbio, suspensão e freio devem receber atenção especial. “Cada peça tem um tempo de duração que precisa ser respeitado”, afirma Maurício de Melo Lacerda, dono da Táxi & Cia, oficina mecânica especializada em táxis que tem três unidades na capital. Por mês, ele atende 2.600 carros de praça. Os preços da manutenção dependem do serviço. A troca de óleo custa R$ 91. Já se o reparo for no sistema de suspensão – equipamento que mais leva os carros para a oficina, por causa dos buracos – o valor chega a R$ 900.
30% é a economia de tempo dos táxis com relação aos automóveis comuns em trajetos idênticos; 24% foi o aumento no número de viagens feitas por táxis entre 2007 e 2017
FONTE: DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES PÚBLICOS (DTP) DA PREFEITURA DE SÃO PAULO
Engenheiro mecânico da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), Erwin Franieck afirma que o uso severo dos carros de praça deteriora plásticos e borrachas. “Essa situação é ainda pior em cidades muito quentes ou em dias de calor intenso”, diz Franieck. Segundo ele, o funcionamento contínuo do veículo, em condições normais de temperatura, não é ruim para a máquina. “É mais saudável um carro que tem uso diário do que os que ficam parados”, explica. Mas é preciso ficar atento à manutenção, pois o equipamento é colocado à prova a todo o momento. “Cidade tem farol, tem lombada, e isso causa desgaste.”
Taxistas só veem vantagem em poder dividir o veículo. “É muito bom, mas tem de cuidar da manutenção”, conta Gilberto Lelis da Rocha, de 61 anos, que divide o táxi com o filho, Bruno, de 32 anos. A rotina de ambos é pesada. Ele sai às 5h30 de casa e retorna por volta das 20h. Aí o filho é quem vai para a praça e só retorna pela manhã. “É bom, porque ajudo meu filho e ele ajuda nos custos do veículo”, afirma Rocha.
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PARA RODAR 24 HORAS SEM RISCOS
• Não há contraindicação em usar um carro 24 horas por dia sem parar desde que seja seguido o plano de manutenção preventiva, mais barata do que a corretiva. Nos táxis, em geral, a quilometragem é que determina quando as revisões devem ser feitas.
• Os itens mais exigidos e que pedem atenção são motor, câmbio e suspensão.
• Quem divide o carro também compartilha das tarefas simples e importantes, como checagem da água do radiador e calibragem dos pneus.
• Uma planilha de ocorrências diárias é fundamental para anotar desde um simples arranhão na lataria até casos de buracos mais fundos que o carro enfrentou durante uma viagem, passando por incidentes de higiene e limpeza.
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