Está na hora de comprar um novo eletrônico? Que tal investir no que tem vida útil maior, mesmo se for um pouco mais caro?
Para encontrar aparelhos que vão durar bastante, tem de pesquisar, prestar atenção e controlar a ansiedade. O exercício é importante sobretudo na recessão decorrente da pandemia do novo coronavírus – ela obriga e obrigará muitas pessoas a limitar seus gastos.
1. O aparelho é fácil de consertar?
Só compre se o produto for facilmente consertado por você ou por um técnico. Do contrário, simplifique e procure o concorrente.
2. Mas como saber se é fácil consertar?
Uma dica de consulta é o site iFixit, que oferece instruções de conserto para aparelhos. No caso de alguns produtos, a página desmonta os dispositivos e analisa a facilidade do seu conserto. O iPhone SE, da Apple, por exemplo, tem nota 6 no quesito facilidade de reparo (a nota 10 representa os mais fáceis de consertar).
3. Quem vai consertar?
Muitos técnicos têm conhecimento e peças para consertar os modelos mais populares de iPhone, Samsung e Motorola. O ideal é descobrir um profissional especializado antes de fechar negócio. Isso vale também para quem gosta de comprar aparelhos no exterior.
4. Não achei técnico ou gostaria de resolver por minha conta
Há técnicos independentes que escrevem seus próprios guias de orientação. Uma comunidade confiável de usuários é bem útil. Por mais que seja difícil encontrar alguém para consertar uma escova de dentes elétrica Philips Sonicare fora da garantia, pode-se encontrar instruções de como consertá-la no iFixit.
5. Verifique se a bateria pode ser trocada
Um dos indicadores mais claros da durabilidade é a possibilidade de substituir a bateria. Aparelhos que funcionam sem fio são ativados por uma bateria de íon-lítio que só pode ser carregada um número limitado de vezes antes de se deteriorar. A saber:
• Celulares e notebooks costumam ter baterias que podem ser substituídas por profissionais.
• Produtos mais compactos têm componentes que são colados e selados, o que torna impossível a substituição da bateria.
• Fones sem fio como os AirPods da Apple e o QuietComfort 35, da Bose, são exemplos de itens populares cuja bateria não pode ser trocada. Quando a bateria para de funcionar, o jeito é comprar outro aparelho.
Antes de comprar, descubra se a bateria pode ser trocada. Em caso negativo, considere o aparelho descartável
6. O produto é confiável?
Como ocorre com os eletrodomésticos, há nos produtos de tecnologia uma proporção de defeitos — a relação entre o número de unidades funcionando e o número de unidades com problemas. Essa proporção pode nos dar uma ideia do quanto uma marca é confiável. Dicas:
• A organização Consumer Reports publica classificações de confiabilidade para eletrodomésticos, smartphones, notebooks, tablets, TVs e impressoras. Os levantamentos são feitos junto aos consumidores.
• Acompanhe fóruns na internet para saber dos comentários de quem já tem o produto. É legal “stalkear” e sondar a reputação da marca e do aparelho – e fugir de quem coleciona reclamações.
Aparelhos com partes móveis, como impressoras com cartuchos de tinta, tendem a dar mais problema do que eletrônicos – TVs e tablets, por exemplo. As impressoras da Brother tiveram bom desempenho nos levantamentos da Consumer Reports. Em se tratando de celulares, Apple e Samsung têm boa classificação de confiabilidade
7. Devo gastar mais?
Não precisa comprar o modelo mais caro de computador ou celular, e sim investir em configurações que trazem satisfação no longo prazo, diz Nick Guy, redator sênior da publicação “Wirecutter”, do New York Times, que testa produtos. Às vezes, a depender do preço, compensa gastar mais em um produto mais potente, com mais espaço de armazenamento e um processador mais poderoso.
8. Certifique-se de que o software é fácil de atualizar
O software desempenha um papel importante no cálculo da longevidade. Depois que uma empresa deixa de fornecer atualizações, podemos esperar que os problemas comecem, como aplicativos favoritos que deixam de funcionar normalmente.
Quando a Apple lança um novo sistema operacional para o iPhone (iOS), a nova versão costuma funcionar em aparelhos de até cinco anos atrás. No caso do Android, em média, são dois ou três anos.
9. Afinal, do que você precisa?
Muitos dos chamados eletrodomésticos inteligentes — aparelhos comuns com sensores sem fio e conexão com a internet — oferecem benefícios interessantes, como uma geladeira equipada com câmera que envia um alerta ao seu celular quando o leite está acabando.
Mas tenha em mente que eletrodomésticos inteligentes podem até criar problemas. Uma lata de lixo que abre automaticamente quando passamos a mão sobre a tampa pode parecer mágica, mas usa baterias e partes móveis que, um dia, deixarão de funcionar. Para evitar aborrecimentos, compre só o que realmente precisa.
Com reportagem de Brian X. Chen para 'The New York Times'. Tradução para o Estado: Augusto Calil